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Os projetos político-pedagógicos das escolas na atualidade entendem que ela teria uma função social importante: construir um projeto de sociedade que possibilite a participação dos indivíduos na produção da sua existência, como sujeitos de direitos, ativos na realidade que se constrói historicamente. Assim, além da preparação para a cidadania e para o trabalho, a função social da escola de hoje consistiria na formação de seus alunos para a convivência numa cultura de diversidade e de direitos. Saber conviver com a diversidade não é uma tarefa fácil, porque nos desafia a questionar constantemente nossos valores, a rever posicionamentos e a incorporar novas crenças àquelas já existentes e muitas vezes cristalizadas dentro de nós. Nesse novo modelo de sociedade, que busca uma cidadania cada vez mais ampliada, temos que ser capazes de ser reflexivos, como chama atenção o sociólogo Anthony Giddens em várias de suas obras.

Ser reflexivo implica realizar constantes autocríticas, de se tornar alguém individual e, ao mesmo tempo, que saiba viver em sociedade. Ou seja, os desafios são muitos na atual sociedade. Nesse sentido, a escola tem sido cada vez mais demandada e chamada a rever seu papel na complexa engrenagem social. A escola torna-se um lugar bastante privilegiado, tanto quanto a família, na preparação do indivíduo para a convivência nessa sociedade, pois é local da diversidade, da heterogeneidade. Enquanto na família existe uma certa uniformidade de valores, crenças e costumes, na escola as crianças e jovens precisam se defrontar com o diferente e, com isso, precisam desenvolver valores relativos à coletividade, à resolução de conflitos e a compreensão das mais diversas formas de ser e existir. Por isso, os agentes que trabalham na educação precisarão estar cada vez mais preparados para construírem junto aos seus alunos modelos de convívio democrático, de respeito a todos os tipos de diferenças e crenças. Mais do que ensinar certos conteúdos, os educadores serão extremamente ativos na construção de um ambiente inclusivo e participativo, pois são os adultos da escola que devem garantir que todos tenham espaço dentro dela.

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Obviamente que não falando de um espaço físico, mas um lugar simbólico no qual os indivíduos se sintam verdadeiramente acolhidos e respeitados. Diante dessa realidade, ensinar e vivenciar os direitos humanos é um imperativo, que não pode mais ser adiado. Os temas transversais não podem mais ficar relegados a um segundo plano, como se fossem menos importante que ensino de língua portuguesa ou da matemática. Se quisermos uma escola realmente democrática e que produz democracia social, precisamos urgentemente nos perceber como agentes dorsais desse processo.

Porém, algo precisa ser frisado: o ensino dos direitos humanos não passa somente pela transmissão oral do que se deve ou não ser feito. Passa, principalmente, pelo exemplo cotidiano daqueles que se propõem a serem os modelos que crianças e jovens devem seguir. Obviamente é o papel da escola problematizar temas históricos, sociais e culturais que levem os alunos a construir uma visão crítica do mundo.

Os modelos são extremamente eficazes para a construção de uma imagem coerente de mundo, que alinhe discursos e ações. Pensemos nisso!

*Artigo escrito por Joyce K. Pescarolodo, psicóloga do Instituto Não-Violência

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