| Foto: Imagem gerada por IA através do OpenAI's DALL·E
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É muito provável que, mesmo que você não seja uma pessoa da área da educação, você já tenha ouvido alguém falar sobre o aumento do número de alunos com deficiência no Ensino Regular. Se você atua nessa área, com certeza percebe essa realidade no seu dia a dia.

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Aumento das Matrículas e Diagnósticos

Não é impressão. Segundo o censo escolar de 2010, tínhamos cerca de 707 mil matrículas de alunos com deficiência. Em 2023, esse número mais do que dobrou: foram 1,77 milhão de matrículas.

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Mas será que foi o número de diagnósticos e laudos que aumentou? Isso também. Na década de 70, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimava que 10% da população tinha algum tipo de deficiência. Atualmente, a estimativa é de cerca de 15%, ou seja, em torno de 1 bilhão de pessoas. Esse aumento se deve às mudanças na forma de diagnosticar algumas doenças e aos avanços da ciência também. Mas mais do que isso, sempre tivemos pessoas com deficiência na sociedade; a diferença é que não costumávamos encontrá-las. Por isso, ter essas crianças na escola é reflexo de uma série de avanços que vivemos enquanto sociedade.

Evolução Histórica da Inclusão

Para entender melhor, é necessário voltar um pouco no tempo. Vamos lá? Na antiguidade, as pessoas com deficiência eram totalmente excluídas da sociedade. Muitas culturas costumavam sacrificá-las ao nascer. Outras vezes, acabavam falecendo muito cedo, pois não havia nenhum tipo de atendimento especializado. Mais tarde, já por volta do século XX, elas viviam segregadas em instituições que tinham como foco a cura da deficiência. Era comum que essas pessoas fossem submetidas a tratamentos e experiências desumanas.

Foi na metade do século, mais precisamente em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que as coisas começaram a mudar. Movimentos sociais começaram a surgir e ganhar força em todo o mundo. No Brasil, a Educação foi reconhecida como direito de todos na Constituição Federal de 1988.

Esse marco é importante porque a escola passou a ser vista como um local que deve aceitar todas as pessoas, inclusive aquelas que têm alguma deficiência. A partir de então, Políticas Públicas começaram a surgir numa perspectiva de integração dessas pessoas.

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Inclusão: Desafios e Oportunidades

Chegamos agora ao século XXI e uma nova perspectiva aparece: a da inclusão. Antes dos anos 2000, o termo utilizado era “integração”. A escola já recebia essas crianças, mas ainda em classes e salas reservadas para elas, quase sem interação com outras crianças sem deficiência. Mas com a mudança de século veio também uma mudança de paradigma e iniciou-se então um movimento em prol da inclusão desses alunos no ensino regular.

Principais Desafios da Inclusão Escolar:

  1. Formação de Professores: Adaptar a formação dos professores para atender às novas demandas de ensino inclusivo.
  2. Modelos de Avaliação: Desenvolver modelos de avaliação mais inclusivos que reconheçam as diversas capacidades dos alunos.
  3. Ambientes Escolares: Modificar os ambientes escolares para torná-los mais acessíveis e inclusivos.
  4. Atitudes Inclusivas: Promover uma mudança de atitude na sociedade para valorizar a diversidade.

É por isso que hoje, ter 91% das crianças e adolescentes com deficiência matriculados na rede regular de ensino é uma vitória. Nos mostra que, como sociedade, estamos finalmente superando o preconceito e reconhecendo que, com ou sem deficiência, todos temos o direito à educação.

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Nesse novo contexto, novos desafios surgem na escola que, até o século passado, estava acostumada com a homogeneização do processo de aprendizagem. Agora é preciso olhar para todos, olhando para cada um. Ainda temos muito a avançar, com certeza. A formação de professores precisa se modificar para dar conta das novas demandas, o modelo de avaliação precisa ser mais inclusivo, os próprios ambientes precisam se modificar. Mas, como uma otimista incurável, me consola saber que a mais importante e principal mudança começa dentro de nós: a mudança de atitude.

Assumir uma atitude inclusiva, não só na escola, mas na sociedade, é o primeiro passo. Ser inclusivo é entender que somos todas pessoas com potencialidades e limitações. Assim, fica muito mais fácil olhar para quem eu achava diferente e perceber que, na verdade, a diferença é o que nos torna iguais.