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A TV não educativa que educa

(Imagem: Pixabay) (Foto: )
(Imagem: pixabay)

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Quando se fala em levar a TV para dentro da escola pode surgir uma primeira dúvida: será que dá certo levar esse meio de comunicação para a sala de aula? Dá sim! E os resultados serão transformadores. A começar pelo fato de que a televisão está presente no cotidiano dos alunos. Uma pesquisa básica em sala de aula, daquelas que perguntamos “quem tem televisão em casa levanta a mão” mostrará que, quase na totalidade das ocasiões, as mãos levantadas serão muitas.

Além de ser um elemento presente no cotidiano das famílias, é um recurso novo para o professor. Se ela tem tanto potencial e exerce fascínio e influência nos seus telespectadores, então deve ser aliada do professor também. Mesmo que o seu uso possa dar um pouco de medo ou gerar certa desconfiança, é importante se apropriar deste código para desenvolver a aprendizagem, potencializar a comunicação e realizar uma análise consciente dos fatos.

Dessa forma, a TV abre um novo campo a ser explorado. A cultura do ensino ainda está fortemente voltada para o texto escrito. Nesse cenário o texto falado, acompanhado de imagem, movimento e efeitos sonoros ainda não é explorado em totalidade por todas as disciplinas. Mais do que um desafio a ser superado, esta é uma oportunidade de trazer um recurso presente no nosso cotidiano e lançar sobre ele um novo olhar, para com ele observar também os assuntos da nossa realidade.

Cabe lembrar que não estamos falando aqui da TV educativa (entendida como aquela feita com foco no ensino), que é muito vantajosa, pois relaciona o discurso pedagógico com o potencial do audiovisual. É claro que os documentários, videoaulas, videotutoriais são positivos, mesmo que alguns autores os caracterizem como o “primo pobre” da chamada TV comercial, aquela do cotidiano – afinal, as suas produções são mais lúdicas, ou com mais qualidade e maiores investimentos.

Sendo assim, porque não fazer uso da TV comercial? O telejornal, a telenovela, a publicidade, os desenhos… Todas estas produções ensinam algo para o telespectador. É preciso “usar televisivamente a televisão”, nas palavras do autor mexicano Guillermo Orozco Gomez. É essa nova linguagem, que se bem apropriada pela abordagem didática, pode transformar a aprendizagem e as relações de sala de aula.

Mas, não se engane. Levar a TV para a escola é uma experiência verdadeiramente transformadora. Ela será incompatível com a manutenção de qualquer status quo que possa existir. Além de democratizar os discursos ela equaliza as relações de sala de aula permitindo que todos partam da mesma base. E transforma a educação, pela via da comunicação, com base na participação cidadã!

>> Artigo escrito por Everton Renaud, filósofo e mestrando em Educação pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Atualmente, é gestor de projetos educacionais que atuam com mídia e educação no Instituto GRPCOM.

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