O termo “fake news”, traduzido como “notícias falsas”, vem ocupando espaço nas manchetes do noticiário e no debate público há alguns anos, especialmente em períodos eleitorais.
“Fake news” são mentiras, fabricações e boatos criados com o objetivo de enganar. Para isso, imitam a linguagem jornalística – os sites que produzem esse tipo de conteúdo falso copiam o nome e o design de jornais tradicionais justamente para fazer as pessoas acreditarem que aquilo foi publicado por um veículo profissional.
O uso dessa expressão é problemático porque deslegitima o trabalho da imprensa. É por isso que ela vem sendo empregada por autoridades e outros atores relevantes que usam essa desqualificação como estratégia política, apontando o jornalismo sério, que investiga e apura fatos, como “fake news”.
Além disso, esse termo vem sendo usado pelo público em geral como sinônimo de golpes de internet, memes e até para classificar opiniões com as quais não se concorda, deixando o conceito ainda mais vago e difuso.
Por isso, saber diferenciar os vários tipos de desinformação existentes é fundamental para não compartilharmos mentiras. Abaixo, seguem alguns exemplos bastante comuns nas redes sociais e que são chamados equivocadamente de “fake news”:
• Informação fora de contexto: texto, imagem ou áudio verdadeiro, mas antigo. Um exemplo é um vídeo do médico Drauzio Varella gravado em janeiro, em que ele “minimiza” o isolamento social como medida contra o coronavírus. Naquele momento, ainda não havia nenhum caso da doença registrado no Brasil. O vídeo foi irresponsavelmente compartilhado quando as orientações das autoridades de saúde tinham mudado, defendendo a quarentena como medida eficaz de prevenção. Ou seja: sempre cheque a data de publicação e busque saber se aquele conteúdo tem a ver com o que está acontecendo no momento.
• Click-bait: conteúdo produzido com o objetivo de ganhar cliques na internet. Geralmente aparecem na forma de títulos chamativos ou sensacionalistas, como fofocas de celebridades ou promessas de perda de peso ou dinheiro fácil, que despertam a curiosidade do internauta, levando-o a clicar no link. O objetivo normalmente é aumentar o número de acessos de um determinado site.
• Sátira: não é exatamente desinformação, mas pode gerar confusão se não for compreendida como humor. O melhor exemplo são os sites humorísticos de notícias, como é o caso do Sensacionalista.
• Pishing: ofertas falsas de serviços e produtos gratuitos com a intenção de roubar dados pessoais do usuário, como informações bancárias, por exemplo.São os famosos “golpes”.
• Deepfake: tipo de desinformação muito sofisticada e altamente convincente produzida a partir de recursos tecnológicos avançados, como inteligência artificial e videomapping. São vídeos digitalmente manipulados que conseguem sincronizar movimentos labiais e expressões, fazendo com que você acredite que aquela pessoa está realmente falando aquilo. Um exemplo famoso é o deepfake com ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, em que ele xinga o atual ocupante do cargo, Donald Trump.
*Texto escrito por Mariana Mandelli, antropóloga, jornalista e coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta. O Instituto Palavra Aberta colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no Blog Educação e Mídia.
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