Assegurar o direito à informação e proporcionar entretenimento são apenas parte do que fazem os meios de comunicação. Acima de tudo eles transmitem mensagens, valores e modelos sobre os quais muitos de nós construímos nossa percepção da realidade.
A enorme quantidade de informação que recebemos diariamente pelos mais diferentes meios, aparatos tecnológicos e, sobretudo, telas (de celular, televisão, computadores, ipads, etc) nos obriga a ter uma postura mais crítica e seletiva diante deles; uma relação mais qualitativa com os meios. Isso requer uma alfabetização mediática, um processo educativo que garanta essas habilidades a crianças, jovens, professores e pais.
Importante ressaltar que não estamos falando de uma mera habilidade tecnológica, ou seja, saber como mexer nos equipamentos. Isso não garante uma capacidade crítica, uma apropriação criativa dos meios, uma compreensão de como se dá o processo de produção das mensagens. Como sugere o documento Recomendaciones del Consejo Audiovisual de Andalucía para el Fomento de la Alfabetización Mediática, “há diferenças entre a brecha digital e a brecha cognitiva (…) e a ideia matriz de alfabetização mediática seria a de converter os meios em instrumento de formação, e não só de consumo.” Dessa forma, teríamos também uma inclusão democrática, pois os cidadãos participariam mais da vida pública a partir de sua produção nos meios.
Na Espanha, a Lei Geral da Comunicação Audiovisual (Lei 7/2010, de 31 de março) já prevê que os poderes públicos e prestadores de serviço de comunicação audiovisual contribuam com a alfabetização mediática. Na Andaluzia, o Conselho de Audiovisual realizou as Jornadas de Alfabetização Mediática. Dessas jornadas se originou o documento “Recomendaciones del Consejo Audiovisual de Andalucía para el Fomento de la Alfabetización Mediática”. Compartilhamos algumas recomendações para reflexão, voltadas para os poderes públicos, prestadores de serviço de audiovisual e pais.
Para os poderes públicos sugere-se incluir nos currículos de Primária, ESO e Bachillerato materiais de educação que permitam aos estudantes adquirir competências mediáticas e não só tecnológicas; criar um programa de formação permanente de professores em alfabetização mediática; fomentar os títulos de máster em Educação para a mídia e cursos de verão, entre outros; garantir a inclusão transversal de competências mediáticas nas diferentes matérias do currículo.
Para os prestadores de serviço de comunicação audiovisual recomenda-se respeitar o direito a uma comunicação audiovisual transparente, inclusive dando a conhecer o nome dos prestadores de serviço; salvaguardar os direitos das crianças, proteger sua imagem e respeitar as classificações e horários dos programas.
No âmbito familiar as recomendações são para um controle parental maior do que as crianças assistem e acessam, do tempo em que ficam conectadas, a forma como se conectam e o conteúdo que têm acesso; assumir a formação de crianças e jovens sobre um uso educativo e de entretenimento dos meios e também a própria capacitação em competência mediática dos pais.
O que você acha dessas recomendações? Que tal sugerir à escola em que você trabalha ou à escola de seus filhos essa formação? E você, como está se alfabetizando midiaticamente? Acesse o documento completo em no site Consejo Audiovisual de Andaluzia.
-Com informações e traduções do documento “Recomendaciones del Consejo Audiovisual de Andalucía para el Fomento de la Alfabetización Mediática”
>> Cristiane Parente é jornalista, educomunicadora, blogueira, membro da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação – ABPEducom, coordenadora do Programa Jornal e Educação – ANJ.
>> Quer saber mais sobre educação, mídia, cidadania e leitura? Acesse nosso site! Siga o Instituto GRPCOM também no twitter: @institutogrpcom.