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Pode ser que você ainda não tenha ouvido falar sobre infodemia, mas é certo que você já conhece e vive seus efeitos colaterais desde o início da pandemia do novo coronavírus. Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, a infodemia é um fenômeno caracterizado pela hiper abundância de informações, nem sempre precisas e de qualidade, em um contexto de epidemia.

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Temos, desta forma, uma situação que pode gerar imensa confusão sobre as informações de saúde e, ainda, desconfiança sobre as respostas emergenciais adotadas pelas instituições. Comportamentos estes que comprometem o eficaz combate às doenças, colocando vidas em risco. Isto porque a desinformação caminha junto com a infodemia.

O problema não é recente, mas as potencialidades de produção e circulação colocadas pelo mundo digital certamente elevam as suas consequências. A questão é tão séria que a própria OMS vem somando esforços para construir estratégias em torno do que chama de gestão infodêmica. Trata-se de um conjunto de ações sistematizadas para levar informações acessíveis e baseadas em evidências científicas à população. Assim, nós, cidadãos, temos a possibilidade de desenvolver um comportamento mais positivo em nossa busca pela saúde de maneira geral e, em específico, no combate à pandemia.

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O combate à desinfodemia na Global MIL Week 2020

A gestão infodêmica, construída no diálogo entre diferentes áreas de saber, passa pelo fortalecimento de uma visão mais crítica acerca do ecossistema comunicativo do qual fazemos parte. E justamente o pensamento e atitude críticos sobre os conteúdos midiáticos e os provedores de informação são um dos focos da alfabetização midiática e informacional, a AMI. A AMI tem por base o entendimento do acesso ao conhecimento e à informação, bem como da capacidade expressiva dos sujeitos como direitos humanos, levando em conta toda a complexidade que isso representa em nossa sociedade. Já há 10 anos, a Unesco promove Semana Global de Alfabetização Midiática e Informacional, a Global MIL Week, com o intuito de celebrar as ações de AMI em diversos países. Na edição de 2020, que aconteceu entre os dias 24 e 31 de outubro, o tema central não poderia ter sido outro que não o combate à desinfodemia para todos e por todos.

As atividades feitas ao redor do mundo e as discussões ocorridas no evento online, sediado na Coréia do Sul, abordaram e demonstraram como a alfabetização midiática e informacional pode somar-se aos esforços de resistência aos fenômenos da infodemia e desinformação nas respostas emergenciais traçadas pelas autoridades de saúde.

Precisamos reconhecer os caminhos percorridos pelas informações imprecisas e falsas. Precisamos entender as formas como esses conteúdos são produzidos e são divulgados. Precisamos desvendar mecanismos, descontruir discursos, checar fatos, analisar dados. Precisamos ser responsáveis e empáticos por aquilo que compartilhamos. E,principalmente, precisamos nos capacitar para construirmos isso junto com a nossa comunidade escolar. Para nos imunizar contra a desinformação, a AMI é um remédio altamente eficaz.

*Texto escrito por Cristiane Parente e Mariana Ferreira Lopes. Cristiane é Jornalista Amiga da Criança (ANDI/Unicef), educomunicadora, professora. Doutora em Comunicação pela Universidade do Minho; Mestre em Comunicação, Cultura e Educação pela Universidade Autônoma de Barcelona; Mestre em Educação pela Universidade de Brasília. Sócia-Fundadora da ABPEducom e Sócia-Diretora da empresa de consultoria Iandé Comunicação e Educação (cristianeparente.edu@gmail.com / @crisparente1 ). Mariana Ferreira Lopes é jornalista e educomunicadora. Doutora em Comunicação pela Unesp. Mestre em Comunicação e Especialista em Comunicação Popular e Comunitária pela UEL. Associada à ABPEducom e Sócia-Diretora da empresa de consultoria Iandé Comunicação e Educação (flopes.mariana@gmail.com).

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**As profissionais colaboram voluntariamente com o Instituto GRPCOM no Blog Educação e Mídia.