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(Imagem: Divulgação)

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O processo de aprendizagem humana é um fenômeno complexo, constituído de vários subsídios: cognitivos, emocionais, sociais, econômicos, culturais, entre outros. Tal processo, se conduzido com sabedoria, possibilita desenvolver a capacidade de agir de forma produtiva e de pensar reflexivamente, desenvolver habilidades e produzir conhecimentos, em condições de agregar valor humano e social.

O uso de recursos tecnológicos de informação e comunicação, em especial da internet, no processo de aprendizagem, se bem orientado, pode contribuir facilitando a realização de pesquisas, otimizando os artifícios de comunicação e de interação com finalidade pedagógica, tanto nos espaços escolares, como em outros locais de acesso.

Há muito tempo, os professores e livros didáticos já não são as únicas fontes de informações disponíveis para municiar e motivar os estudantes que estão cada vez mais ligados na rede internet, como principal fonte de acesso online a dados e informações na atualidade.

É comum encontrar, na escola e na família, crianças e adolescentes com déficit de atenção, de percepção, de concentração e de outros aspectos relacionados à aprendizagem. Cada vez mais, encontram-se desmotivados a ‘ler’ e a ‘escrever’, e despreparados para estudar e investigar em profundidade sobre os fenômenos científicos mais complexos. Prioritariamente, buscam utilizar os recursos tecnológicos para atividades lúdicas e esta qualidade de atividade pode perfeitamente estar atrelada ao processo de ensino e de aprendizagem, caso estes recursos sejam utilizados com equilíbrio e sabedoria.

Segundo o pesquisador norte americano Nicholas Carr, os usuários que utilizam a internet de forma desmedida têm a capacidade de concentração, reflexão e contemplação profundas diminuídas porque, “quando uma pessoa está constantemente a ser distraída e interrompida, como acontece quando está online, o cérebro não é capaz de forjar as conexões neurais fortes e expansivas que dão profundidade e especificidade ao pensamento. O indivíduo passa a ser mera unidade de processamento de sinais, transferindo rapidamente pedaços desconexos de informação para dentro e para fora da memória de curto prazo”. O que o torna ‘superficial’ nas tomadas de decisão, abrindo inúmeras ‘janelas’ sem se aprofundar em nada, produzindo evidentes prejuízos para o processo de aprendizagem, evoluindo em distração e sobrecarga mental.

Por isso, auxiliar as crianças e os adolescentes a usarem a internet é desafiador. Essa tarefa é atributo dos professores no espaço educacional, que, aliada ao compromisso dos pais, no espaço familiar, devem criar situações nas quais as crianças e os adolescentes possam apreender mecanismos efetivos de seletividade em conteúdo do que é pertinente na rede internet e no tempo de acesso que deve ser equilibrado frente às demais atividades cognitivas a cada dia, tornando assim o acesso motivador e enriquecedor para a formação humana.

Porém, mais desafiador ainda está em preparar os professores e os pais para desempenharem a função de orientadores do uso equilibrado e sábio da internet por crianças e adolescentes, para que este uso possa realmente contribuir com o processo de aprendizagem. Também desafiador é prepara-los para dar exemplo do uso equilibrado e sábio da internet, porque, o que comumente temos visto são adultos deslumbrados frente às telas, desprovidos de equilíbrio entre o dito e o feito, sem condições, portanto, de bem orientar qualquer uso que possa agregar valor ao ensino das crianças e dos adolescentes, quanto menos de cobrá-lo.

Com esta reflexão, lembramos o que Paulo Freire traz com a Pedagogia da Indignação de que, “se somos progressistas, realmente abertos ao outro e à outra, devemos nos esforçar, com humildade, para diminuir ao máximo, a distância do que dizemos e do que fazemos.”

Assim, se queremos que as crianças e os adolescentes, nossos filhos e alunos tenham experiências exitosas na área da aprendizagem a partir do uso da internet, temos que nós, adultos, professores e pais, sabermos como fazer isto, e assim, fazermos, para dar exemplo, na perspectiva do ‘neurônio espelho’ como anuncia a neurociência. E bem orientá-los permanentemente, utilizando métodos criteriosos e eficientes de ensino.

*Cineiva Tono é Doutora em Tecnologia e Mestre em Educação, Membro da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB/PR, Presidente do Instituto Tecnologia e Dignidade Humana. A profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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