Quando se fala sobre as perspectivas em educação nos dias atuais série de palavras “da moda” são encontradas nos discursos daqueles que se dizem inovadores. É quase uma obrigação usar conceitos como educação 4.0, cultura e espaço maker, aprendizado mão na massa, metodologias ativas, Fab Lab, modelagem e impressão 3D, programação, robótica, criatividade, inovação e tantas outras palavras. Fico um tanto receosa quando o discurso se torna repetitivo e hegemônico. Não que eu seja contrária as ideias que esses conceitos trazem, mas o que me incomoda são os modismos. Modismos no sentido de se apropriar do discurso, das ideias, das práticas, dos materiais, sem refletir criticamente, sem para quê, com que propósito, como isso vai mudar a vida de alguém, como pode ajudar a aprender mais e melhor.
Também porque, na essência dessas novas ideias estão princípios de antigas ideias, as quais existem há algum tempo. Por exemplo, John Dewey (1859-1952) e Jean Piaget (1896-1980) há décadas proclamavam princípios de uma aprendizagem experimentada pelo sujeito, manipulando diferentes materiais e resolvendo problemas reais ao educar para a vida, acreditando na capacidade de pensar das crianças, tanto individualmente como em cooperação com os outros. Mais recentemente, na década de 1980, nos Estados Unidos, Seymour Papert (1928-2016) ampliou a ideia do “faça você mesmo” com uso de recursos tecnológicos, notadamente o computador e a linguagem de programação. Nesse último caso, estamos falando de mais de 30 anos de um trabalho pedagógico com uso da programação para crianças. Eu mesma tive a oportunidade de trabalhar com a linguagem Logo de maneira plugada e desplugada, a partir do ano de 1993 em uma escola pública municipal de Curitiba. Realizávamos um trabalho inovador em recursos mas principalmente em metodologias, num tempo em que não haviam muitas experiências em nível nacional na faixa etária dos 5 a 10 anos de idade. Hoje em dia, o Scratch – software de programação que evoluiu da Logo, é bastante difundido entre escolas particulares e públicas, no Brasil e no mundo.
Portanto, retomo a essência do título desse texto: inovação ou modismo?
Mudar as práticas de sala de aula pela necessidade de fazer com que os estudantes aprendam melhor, desenvolvendo neles habilidades e competências que respondam às necessidades do nosso tempo e de um futuro próximo, com propósitos claros e conscientes, criticamente, é inovar. Implementar novos recursos e projetos apenas porque é o discurso vigente, porque todos estão fazendo e não se pode ficar de fora, é modismo.
Cuidado! Muito cuidado com o sentido de inovar. Inovar segundo o dicionário Michaelis significa introduzir novidades, renovar, tornar algo novo. Seguir uma tendência apenas porque todos estão fazendo é modismo.
Inovar requer reflexão permanente sobre o que se está fazendo, pesquisa sobre maneiras de fazer, instrumentos a utilizar, formas de compartilhar, apoio para avaliar, confronto com ideias diferentes, conhecer experiências que possam inspirar, promover rupturas com aquilo que já não responde mais ao que esperamos atingir. Inovar é um processo de se reinventar permanentemente na busca pela excelência naquele que é o nosso objetivo principal enquanto educadores: fazer com que nossos estudantes aprendam para a vida.
Sejamos professores inovadores para uma real mudança educativa.
* Texto escrito por Estela Endlich, doutoranda em educação pela Universidade Federal do Paraná. Coordenadora de Tecnologias Digitais e Inovação na Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. A profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM, no Blog Educação e Mídia.
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