Na década de 70, o comportamento excludente e às vezes agressivo que hoje conhecemos como bullying era tido como “normal”. Alegava-se que fazia parte do desenvolvimento das crianças, tornando-as mais fortes e preparadas para a vida. Hoje temos a consciência de que isso não é verdade. Tanto o agressor quanto a vítima estão “pedindo socorro”, de formas distintas.
O bullying não é uma simples implicância. Ele pode ser identificado como uma ação agressiva, intencional, repetitiva e gratuita, que envolve um desequilíbrio de poder entre o agressor (ou agressores) e suas vítimas – e geralmente acontece com crianças e adolescentes em idade escolar.
Essa relação ocorre quando o comportamento dominante do ofensor entra em uma disputa de poder, na qual acredita que, ao ter esse controle sobre o outro, sairá vitorioso da situação, com um sentimento de poder e de impunidade, ficando para a vítima a sensação de abandono e insegurança.
Durante esses episódios, os autores demostram comportamento classificados como: bullying direto, quando o agressor dá apelidos, faz ameaças, gestos e ofensas verbais, podendo chegar a pegar objetos da vítima; ou bullying indireto, um conjunto de ações utilizadas pelo agressor para levar o outro ao isolamento social, seja através da indiferença, difamação ou exclusão.
Com o avanço da internet, esses agressores encontraram novos canais para a intimidação, como e-mails, aplicativos de mensagens e redes sociais. A motivação, muitas vezes, se dá pela falsa sensação de anonimato, visto que os autores usam apelidos ou se fazem passar por outras pessoas.
E como isso pode afetar a vida de uma pessoa?
Quando a criança passa por uma situação na qual sente-se incapaz de reagir ou excluído, é comum sentir-se vulnerável, pois a vítima pode passar a acreditar que não tem controle sobre os estímulos hostis que a ameaçam. E o pior: ela normaliza o sentimento de desamparo – um desamparo aprendido, como mencionado pelo psicólogo americano Martin Seliman.
No desamparo aprendido, a pessoa pode acreditar que a agressão ou exclusão ocorreu devido à alguma característica pessoal ou que, independentemente de suas reações, a realidade hostil não irá mudar. Especialmente quando não encontram apoio, as vítimas de bullying podem nutrir sentimentos de incapacidade, passam a acreditar que não podem “se virar sozinhas” perante as adversidades da vida (como acreditam que seus agressores fazem), que o mundo é muito hostil e que a vida não vai melhorar.
Sofrer é inerente a vida, porém um momento ou situação difícil pontual não podem ser confundidos com o bullying, ainda mais durante o processo escolar, quando pode dificultar o aprendizado das crianças e jovens e trazer consequências para a vida toda. Ao se sentir desamparada, a vítima não enfrentará os desafios – através de um comportamento de fuga e incapacidade –, confundindo-os com hostilidade, assim deixando de criar um repertório saudável de formas de lidar com situações difíceis na vida adulta, mesmo que os estímulos daquele ambiente em que ela sofreu bullying não existam mais.
Manifestações de comportamentos ligados a desmotivação e desesperança, como transtorno de ansiedade, baixa autoestima, problemas de saúde e piora no desempenho escolar, podem ser sinais de alerta para pais e educadores.
Uma solução é desenvolver o autoconhecimento, ensinando nossos jovens, desde cedo, a identificar e encarar seus sentimentos, fortalecendo seus valores e atitudes positivas. Ao focar nas qualidades, as pessoas conseguem ter um melhor desenvolvimento em suas atividades e os problemas mais pontuais acabam se solucionando, em vez de se somarem.
E você já pensou em quantas coisas gostaria de mudar e não muda por medos que podem ter surgido na sua infância ou adolescência? Será que não está apresentando um comportamento de desamparo aprendido?
Pense em você, talvez seja hora de buscar ajuda e abandonar comportamentos que te impeçam de ser uma pessoa melhor e mais feliz.
Lilian Renata de Souza Campos Ferreira é formada em Secretariado Executivo, pós-graduada em Gestão de Pessoas e, dentre outras atribuições, atua na área de desenvolvimento pessoal. Vanusa Hernandes Vianna é analista na Gerência de Educação, facilitadora em treinamentos de desenvolvimento pessoal e instrutora pelo SENAI. As autoras são idealizadoras do projeto A História de Maria e colaboraram voluntariamente com o blog Educação e Mídia.
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