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Educação e Mídia

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Entenda os prós e contras

Celular na escola: Aliado ou vilão?

(Foto: Banco de imagens do Canva)

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O uso de celulares em sala de aula sempre altera os ânimos de professores, pais, estudantes e de toda a comunidade escolar. Agora, com o Ministério da Educação (MEC) prestes a lançar um projeto de lei que pode proibir o uso de celulares nas escolas, o debate fica ainda mais acirrado. Mas afinal, o celular é um aliado ou vilão na educação? 

Confesso que quando fui provocada a escrever sobre o tema, eu mesma não estava com a opinião formada. Então, achei que a minha contribuição possível, seria trazer à tona e explorar os prós e contras dessa questão bastante polêmica que afeta diretamente o ambiente escolar.  

Por que proibir o uso de celulares nas escolas? 

A favor da proibição dos celulares em sala de aula, muitos acreditam que os dispositivos móveis contribuem para que os alunos se distraiam. Redes sociais, jogos e notificações constantes podem desviar a atenção dos estudantes, comprometendo o aprendizado e o foco. Sem o celular, os alunos poderiam se concentrar melhor nas aulas e atividades e até nas relações humanas, o que traria melhores resultados que os atuais.  

Além disso, a proibição do celular nas escolas pode ajudar a reduzir problemas que vêm se tornando comuns, como por exemplo, o cyberbullying e a superexposição que muitas vezes visam likes e popularidade. Isso porque o uso excessivo das redes sociais acaba alimentando comparações, provocações e incitações entre os colegas. Sem acesso aos celulares, o ambiente escolar também poderia favorecer interações mais saudáveis e o desenvolvimento de habilidades sociais importantes que acabam ficando esquecidas quando cada um está reforçando seu individualismo em frente a uma tela. 

Outro argumento é que proibir o celular em sala de aula ensina os alunos que há momentos certos para tudo. Para estudar e se concentrar, para se divertir, interagir etc. Dessa forma, a proibição também enfatiza a disciplina e a responsabilidade. Regras claras sobre o momento em que é permitido e possível usar as tecnologias, ajudam a preparar os estudantes para momentos em que o uso de dispositivos precisa ser controlado, seja no trabalho ou em situações cotidianas na escola e fora dela. 

Vale aqui também uma reflexão sobre um fato que li no livro “Fábrica de cretinos digitais”, do pesquisador e especialista em cognição e neurociência Michel Desmurget: por que os filhos de donos das principais empresas de tecnologias do mundo estão estudando em escolas em que o uso das telas é bastante restrito ou até inexistente? Acende um alerta aqui, né? 

E se usarmos o celular como aliado na educação? 

Como pesquisadora e entusiasta do uso de tecnologias que sou, confesso que achar os pontos positivos é mais fácil para mim. Quando penso no uso de celulares na educação, imagino uma ferramenta poderosa. Ninguém pode negar que, se bem usado, o celular tem um potencial educacional gigantesco.  

Dentre tantas tecnologias educacionais disponíveis, os celulares são os mais acessíveis e podem ser usados para consumir aplicativos de aprendizado, vídeos explicativos, para realizar pesquisas e atividades interativas que enriquecem e muito o processo ensino-aprendizagem. Eu mesma posso dizer que, muito do que aprendi, foi pelas telas do celular. Hoje há um vasto repertório de conteúdos ricos e acessíveis que dá até pena de serem desperdiçados. 

Em vez de proibir, por que não ensinar o uso responsável da tecnologia? O letramento digital, a alfabetização digital e midiática são casa vez mais essenciais em um mundo conectado, e os alunos precisam aprender a usar a tecnologia de forma consciente. Além disso, para muitos estudantes, o celular é a principal, se não a única forma de acessar a internet. Proibir seu uso pode aumentar a desigualdade digital, prejudicando o aprendizado de quem não tem outra forma de buscar informações online. 

Mas então, o que é melhor? 

A resposta para essa pergunta está no equilíbrio. Proibir o uso de celulares nas escolas pode ajudar a manter o foco, reduzir distrações e melhorar as interações sociais, mas também pode significar a perda de oportunidades para promover uma melhor educação digital e integrar as tecnologias no processo educacional.  

Quem sou eu pra dizer qual é o caminho correto, mas talvez devêssemos pensar com mais cuidado sobre as regras de uso. Será que não dá mesmo pra conciliar o uso do celular de forma a não perder seus benefícios? 

Essa não é uma medida nova, alguns países já adotaram essa medida, e até alguns lugares aqui mesmo no Brasi. E quais são essas estatísticas de quem já possui um aprendizado sobre o tema? Proibir trouxe quais ganhos? Quais desvantagens?  

Confesso que é um tema difícil de formar opinião, especialmente para aqueles que, como eu, não estão atuando nas salas de aula diretamente. Parece que sempre teremos dúvidas sobre o melhor caminho.  

  • A proibição seria um tiro no pé para a educação digital que queremos prover, ou seria a própria educação que queremos para os nossos jovens?   
  • Podemos educar para o consumo consciente e que ensine os estudantes a utilizarem o celular de maneira produtiva, segura e responsável? Ou já que não há medidas de controle e maturidade suficientes, a saída é mesmo a proibição? 

Espero que os pontos trazidos aqui sirvam de reflexão para sua opinião. E se você já está com ela formada, compartilha aqui com a gente o que você pensou sobre o uso do celular nas escolas. Proibir ou educar para o uso consciente? Aliado ou vilão?

Ana Gabriela Simões Borges é pedagoga, pesquisadora, doutora em educação e uso das tecnologias. Autora de livros e gestora de iniciativas educacionais, coordena projetos, serviços e soluções para escolas e professores de todo o Brasil.   

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