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Chega de cursinhos relâmpago

Produção Multimeios/Professor Eric Siqueira/http://goo.gl/Gbfbl

O assunto “tecnologia na escola” tem sido tratado em seminários e cursos organizados pelas secretárias de educação ou, programas de pós-graduação, sindicatos, ou grupos de pesquisa etc. Com certeza o professor da charge, que ilustra este post, deve ter feito muito destes cursos. Nestes seminários e cursos, às vezes, os temas tratados são: – as configurações das tecnologias da informação e da comunicação atual; – a interação humano – máquina e as consequências disto tudo na formação do indivíduo de uma forma muito abrangente; – a manipulação de softwares e de objetos de aprendizagem, dos mais simples aos mais sofisticados; – o uso de jogos eletrônicos na sala de aula, com alguns exemplos bem motivadores; – a produção de blogs; – o uso do facebook, do twitter, na educação; – o uso instrumental de netbook, tablet, lousa digital etc. E outros temas.

Você já participou de alguns destes “cursos” ou “seminários”? Eu sempre estou por lá, pois não me nego a participar e levar um pouco de crítica para alguns que se denominam “pesquisadores em tecnologia na educação”, mas que nunca estiveram em uma sala de aula “PERANTE 40, 50 ALUNOS EM CADA AULA DO DIA” como escreveu num comentário do meu post de julho, a professora Ana Maria.

Por isso afirmo que efetivamente não se chegou a uma discussão destas tecnologias inseridas no planejamento das aulas do professor, ou seja, no dia a dia da sala de aula. Há uma grande distância entre o discurso e a prática dos resultados nestes cursos e seminários de formação.

Ao pesquisar sobre cursos para os professores encontramos em Moura (2002), uma análise que tipifica essa contradição entre o discurso e a prática. Concordo com ela quando aponta falha de três ordens nos cursos que pretendem preparar os professores para o uso das tecnologias nas escolas: falha de propósito; falha de método; falha de significação.

– Como falha de propósito, a autora identifica o fato de que a tecnologia é apresentada como algo que simplesmente deve-se aprender, em vez de se compreendê-la dentro de um contexto que exponha o porquê de utilizá-la no ensino, razão essa que os professores precisam conhecer, ou seja, os professores necessitam refletir como as tecnologias podem auxiliá-los no fazer pedagógico.

– Como falha de método, Moura menciona a circunstância de que os cursos sobre tecnologias não deveriam se limitar apenas à aprendizagem progressiva dos recursos tecnológicos, mas incluir o estudo das capacidades cognitivas envolvidas na construção do conhecimento com auxílio do computador.

– Por fim, como falha de significação, a autora faz notar a ocorrência de que em muitos cursos promove-se apenas a capacitação para o uso, em lugar disso, dever-se-ia privilegiar a construção do sentido sobre esse uso e sobre suas aplicações nos processos educativos, conferindo, assim, uma experiência cultural e não só instrumental. Isso conferiria mais clareza quanto aos objetivos cognitivos e pedagógicos da utilização das tecnologias no processo ensino aprendizagem nas escolas.

Não estou motivando você, professor ou professora, a nunca mais participar de um curso ou seminário. Gostaria apenas que você começasse a sugerir temas e assuntos para os próximos cursos/seminários, que surjam a partir daquilo que você esta precisando para iniciar ou continuar a utilizar as tecnologias disponíveis na sua escola de uma forma mais efetiva.

>> Glaucia Brito é professora do Departamento de Comunicação Social e dos Programas de pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) e Educação (PPGE) da UFPR, pesquisadora em Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação.

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