| Foto: Imagem de Hatice EROL por Pixabay
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Aproximadamente um em cada dez adolescentes (13,2%) já se sentiu humilhado, ameaçado ou ofendido nas redes sociais ou em aplicativos. No caso das meninas, esse número é maior: 16,2%. Os dados são do IBGE e fazem um alerta para um problema que vem afetando crianças e jovens em todo o mundo: o cyberbullying. E é na escola – local onde esse público passa a maior parte do dia – que ações podem ser realizadas para prevenir e minimizar os riscos dessa prática que machuca e traz muito sofrimento.

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O bullying está longe de ser uma novidade. A palavra, de origem inglesa, vem da união de bully, que quer dizer “valentão”, com o sufixo ing, que representa uma ação contínua. É chamada assim, portanto, toda a prática sistemática de violência física e psicológica contra uma pessoa que não é aceita por um grupo. Quando as agressões ocorrem no ambiente virtual, é adicionado o prefixo cyber, sendo chamados de cyberbullying os atos que acontecem por meio de mensagens intimidadoras, ameaças e situações constrangedoras nas redes sociais.

Os efeitos do cyberbullying nas crianças e jovens são devastadores e as consequências podem ser duradouras. Mentalmente, a vítima pode se sentir constrangida, diminuir seu rendimento escolar e perder o interesse pelas coisas que ama. Até sintomas físicos são relatados, como dor de cabeça, dores de barriga e insônia. Em casos extremos, o cyberbullying pode levar até ao suicídio. Por isso, ações de prevenção são tão importantes para garantir espaços virtuais saudáveis e fortalecer a confiança desses estudantes.

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É essencial que o assunto esteja presente no projeto político pedagógico das escolas. Para que isso seja possível, as equipes precisam de formação e preparação, além de poder contar com materiais de apoio para a realização de atividades de reflexão, rodas de conversas e palestras. O diálogo deve ser o caminho para que os alunos se sintam confortáveis para dizer o que estão sentindo, conversem com seus pares sobre o assunto e se sintam seguros para denunciar situações de opressão, com a consciência de que uma ofensa nas mídias sociais não é menos grave do que uma ofensa feita em pessoa.

A exibição de filmes e séries que abordam o tema pode ser uma boa estratégia de sensibilização, gerando discussões na sala de aula, melhorando o comprometimento dos alunos sobre o coletivo e trabalhando o olhar sobre o outro. O filme “Cyberbully”(2011), por exemplo, narra o cotidiano de uma garota que ganha um computador e sofre cyberbullying após ter sua conta nas redes sociais invadida. A produção ainda aponta possíveis soluções para pais, professores e políticos.

Outra opção é a série “Control Z” (2020). Em sua primeira temporada, ela gira em torno da história de um hacker que consegue acessar dados de alunos de uma escola e passa a vazá-los, causando constrangimento e desconforto.

Ainda vale citar o documentário Audrey & Daisy (2016), voltado para a faixa etária do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A obra conta a história de duas garotas que sofreram violência e tiveram suas fotos divulgadas nas redes sociais.

A Safernet, ONG que defende os direitos humanos na internet, disponibiliza materiais gratuitos para identificar e combater o cyberbullying, como a cartilha “Cyberbullying: saiba como identificar e agir”, que contém dicas práticas para combater a modalidade virtual do bullying. Além disso, o site oferece vídeos, artigos e infográficos que ajudam o educador a lidar com o tema.

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Materiais ilustrados podem ser de grande ajuda para tratar de temas difíceis. Pensando nisso, a Nethisc Edu criou uma apostila ilustrada de combate ao bullying e cyberbullying, cujo download pode ser realizado gratuitamente. A cartilha de combate ao bullying da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul também é um material sem custos que pode ser trabalhado com alunos do Ensino Fundamental e Médio.

Este é um tema urgente. Com a pandemia, os alunos passaram mais tempo conectados e a prática do cyberbullying se intensificou. As redes de ensino não podem mais ignorar esse assunto e as escolas devem amparar a vítima dando suporte pedagógico e psicológico, além de refletir sobre como atuar em relação aos agressores. Lembrando que: se a situação fugir do controle da instituição, é preciso buscar apoio legal, inclusive com o registro de boletim de ocorrência em uma delegacia. A conduta pode caracterizar ato ilícito, ato infracional e, em alguns casos, até crime.

Precisamos formar uma geração mais responsável com suas atitudes dentro e fora das redes. Com as ferramentas certas, é possível promover a conscientização, a empatia e evitar que situações que machucaram várias gerações continuem promovendo dor e sofrimento.

Elisa Thobias é educomunicadora formada pela Universidade de São Paulo (USP), analista de comunicação do Instituto Palavra Aberta e colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no Blog Educação e Mídia.