A educação predominante tem sua atenção direcionada à transmissão dos conteúdos curriculares e ocupa-se pouco em conhecer o contexto e intervir na vida que seus alunos levam. Diante dessa abordagem, como ficam as crianças e os adolescentes em situação de vulnerabilidade social? Será possível para eles aprender na escola enquanto seu mundo desmorona?
Problemas pessoais significativos dificultam o aprendizado. Você já tentou estudar com algum tipo de dor? Imagine como é para um aluno que está com fome, com frio ou com piolhos… Você já tentou estudar quando estava abalado emocionalmente? Imagine como é difícil aprender para os milhões de crianças que vivem em lares desestruturados em que suas necessidades básicas, emocionais e físicas, são negligenciadas. Pense na dificuldade em aprender conteúdos curriculares de uma criança que sofre agressões físicas, sexuais, ou que é psicologicamente violentada. É compreensível se eles, talvez os que mais precisam da escola, forem os que menos aprendem.
Nossas escolas não têm estrutura para lidarem com os problemas sociais que nelas ecoam e é muito difícil para um professor intervir de maneira eficaz dispondo dos recursos que tem. Assim como é quase impossível para ele conhecer verdadeiramente seus alunos, considerando que atua com diversas turmas que totalizam centenas de jovens e crianças. Quanto à direção escolar e à equipe pedagógica, a situação é semelhante. Além disso, esses profissionais são desvalorizados pela sociedade e não tem em suas formações o preparo necessário para atuações com esse nível de profundidade. Aqueles que se importam realmente com esses alunos apenas sofrem junto.
Diante desse contexto, presente na maioria das escolas públicas do país, é necessário um novo olhar e a adoção de estratégias que realmente amparem e protejam a criança e o adolescente em situação de risco. Precisamos de equipes multidisciplinares dentro das escolas, com bons terapeutas, assistentes sociais especializados, instituições parceiras e de trabalhos que envolvam as famílias e as auxiliem na árdua tarefa de educar.
Um desabafo, uma possibilidade, um sonho…
>> Este artigo foi escrito por Luciano Diniz, coordenador da pós-graduação em Educação Integral Transformadora da Associação Gente de Bem.
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