Polêmica na Bastilha! Os franceses estão proibindo adolescentes de usar nas escolas smartphones e outros dispositivos móveis conectados à Internet. A partir de setembro deste ano estará vetado aos menores de 16 anos de idade portar celulares nas instituições de ensino. Nossa! Radical, não?! Aqui no Brasil não existe isso. Será!? Em 20 estados e no Distrito Federal sim. E isso inclui o Paraná. Mas a proibição é a melhor alternativa?
Qual a razão desse alarde? O Presidente Emmanuel Macron, buscando apoio dos docentes franceses nas últimas eleições, comprometeu-se em estabelecer a lei para “desintoxicar” a distração em sala. Atualmente, 9 em cada 10 jovens franceses possuem celular e ao que parece, é um consenso entre a maior parte desses professores que seu uso durante a aula é a principal fonte de desatenção. Ah, certo: os alunos estão muito dispersos nas atividades escolares por causa do uso de celulares. Então vamos proibir.
Afinal de contas, o que “não existe”, não atrapalha.
E nem vale os professores argumentarem “que na minha época não era assim”. Não? Têm certeza? Esses docentes, quando cursam pós-graduação, por exemplo, deixam seus celulares em casa, no carro ou pelo menos desligado durante as aulas? Se disserem que sim, eu não acredito. Seriam eles impassíveis a esse fenômeno da distração? Sua época é também agora e estão tão vulneráveis ao mesmo pecado quanto seus alunos.
É certo que a tecnologia móvel de comunicação veio a rodo. Evoluiu a uma velocidade assombrosa. Saímos dos jurássicos “tijolões” no início dos anos 2000 para smartphones de telas touchscreen em menos de 10 anos. Com diversas linhas de produção, os fabricantes imprimem uma velocidade de aquisição igualmente espantosa. Segundo dados do IBGE (PNAD 2018), 77% dos brasileiros com mais de 10 anos de idade possuem celular. Deste público, 94,6% usam esses aparelhos para se conectar à Internet. Proibir é bater de frente com um tsunami.
Smartphone em sala de aula é esse Bicho Papão todo?
Existem inúmeras aplicações que funcionam como suporte didático. São softwares, aplicativos, gadgets e outras tecnologias que, se utilizados com objetivos pedagógicos claros e domínio técnico, são excelentes alavancas para melhorar a aprendizagem. Acordo didático, por exemplo, é uma estratégia para orientar o uso de celulares em sala de aula. No Colégio Sesi do Paraná anualmente é construído de forma colaborativa, envolvendo equipe pedagógica, alunos e responsáveis, o Contrato de Convivência Coletivo. Momento em que a comunidade escolar discute e estabelece os limites desses pequenos distratores.
Não seria, assim, mais apropriado capacitar e instrumentalizar os professores? E, paralelamente, orientar os estudantes sobre o uso dirigido de smartphones para a aprendizagem não poderia ser mais efetivo que simplesmente proibir? Radicalizar com uso de lei parece uma atitude desesperada de quem não sabe como agir. Isso é um problema que está longe de ser resolvido.
*Artigo escrito por Ederson Halair Hammes, licenciado em Filosofia com Especialização em Ética (PUC-PR) e analista da Gerência Executiva de Educação do Sistema Fiep.
**Quer saber mais sobre cidadania, responsabilidade social, sustentabilidade e terceiro setor? Acesse nosso site! Acompanhe o Instituto GRPCOM também no Facebook: InstitutoGrpcom, Twitter: @InstitutoGRPCOM e Instagram: instagram.com/institutogrpcom
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS