Fazendo uma nostálgica referência ao incrível filme dos anos 80, Back to the Future, que em seu enredo faz com que os espectadores se deliciem com inovações, tecnologias e idas e vindas em viagens no tempo, quero discorrer sobre a palavra FUTURE, numa espécie de acróstico onde, em cada uma das 6 letras, viajaremos juntos em reflexões sobre a Educação 5.0.
F | Fast
Desde o Big Bang e até 13.000 anos antes de Cristo, a humanidade viveu longos e longos anos na sociedade da caça. A partir disso, e até o fim do século 18, a sociedade agrária. Daí em diante, e até a metade do século 20, a extraordinária sociedade industrial. E desde a metade dos anos 90 e até o fim do século 20, uma sem precedentes vivência na sociedade da informação. E agora? Onde estamos nessa incrível viagem onde essas sociedades acontecem em tempos cada vez menores? Na sociedade 5.0! Uma época também conhecida como Sociedade Super Esperta. Inundada por inteligência artificial, nuvem de dados, hiperconexões e formatos híbridos para que um ser humano se aproprie de novos conhecimentos. Será que temos, então, a certeza de quando começaremos uma nova sociedade e o que fazer para entregar, em termos educacionais, algo que seja relevante e que atenda a essa próxima demanda?
U | Uncertainty
Se não temos certeza, precisamos analisar tendências. E uma coisa é certa: o blended learning, ou aprendizagem que mistura ingredientes, é uma grande tendência para a educação mundial. Houve um tempo em que a exposição direta de um conteúdo, e somente ela, era suficiente para reter a atenção, engajar e fazer com que as pessoas aprendessem sentadas de forma passiva nos milhares de bancos escolares do planeta. Por outro lado, em um mundo em que as competências socioemocionais são, em muitos aspectos, mais solicitadas que as competências puramente técnicas, é possível que apenas e chamada educação 100% a distância, não consiga atingir verdadeiramente o preparo para uma sociedade superesperta. Sendo assim, precisamos compreender que as pessoas podem navegar, previamente, em diversos conteúdos e nos mais variados formatos, sem a interferência de um professor e, depois dessa espécie de “estudo prévio”, os alunos e professores precisam se encontrar em um espaço onde a colaboração, argumentação, empatia, liderança, criatividade e compartilhamento de conhecimentos possam ser exercitadas de forma colaborativa. Com metodologias e estratégias essencialmente humanas.
T | Tribal
O exercício da aprendizagem colaborativa em sala de aula é algo mágico! Em cada um desses espaços temos alunos das mais diversas “tribos”: culturas, preferências, criações, visões de mundo e experiências totalmente diferentes. E aí reside uma intensa dor docente: acertar o individual no coletivo. Será que é possível atingir cada aluno em sala de aula com um discurso único? Com uma única avaliação e o mesmo material e exercícios para todos? Estou certo de que não é possível. É evidente que o adaptative learning cabe muito bem nesse cenário. Trilhas de aprendizagens diferentes para pessoas diferentes. Esse é um forte ponto de disrupção que teremos muito brevemente naquilo que chamamos de sistema de ensino. Não podemos mais continuar trilhando sempre os mesmos modelos e esperar resultados diferentes.
U | Unlimeted
Ilimitadas são a tecnologia e a mente humana. Em 1817 o Barão Karl von Drais apresentou para um grupo de alemães aquilo que seria o protótipo da primeira bicicleta. Algo muito rústico, com estrutura de madeira e sem pedais. Movida por impulso ou ao sabor da gravidade. Porém, acreditem: muitas pessoas ficaram com medo de experimentar essa novidade pois achavam que, principalmente na descida de uma ladeira, o vento poderia deformar o rosto das pessoas... Sabem onde essa deformação foi parar? Em uma realidade em que você não precisa mais ter uma bike. Basta ter um aplicativo em seu smartphone, escanear um QR code e sair pedalando de forma compartilhada. E digo mais, logo você não terá mais que ir ao encontro da bicicleta, ela virá até você sendo transportada por um drone. Anote isso aí e viva para ver! Aproveito, diante desse breve exemplo, para perguntar: temos vivido limitações ou revoluções na maior parte das salas de aula do nosso país? A entrega dos conteúdos continua sendo feita com o incrível trio: discurso + giz + Power Point? Caso afirmativo, eu informo que apenas isso já não é mais o suficiente. E em alguns casos, desnecessários.
R | Reskilling
Essa palavra em língua inglesa nos questiona sobre qual é a nossa capacidade de sobrevivermos, em nossas profissões e em outros aspectos das nossas vidas, a essa avalanche tecnológica diária? Só há uma saída, sermos Lifelong Learners. Professores precisam ser eternos aprendizes. Correr atrás, fuçar, questionar, ouvir, experimentar, filtrar o que realmente for útil e reinventar-se a cada dia. Devemos estar sempre em “Versão Beta” de nós mesmos. Ou seja, nunca podemos estar definitivamente prontos. Não podemos admitir sermos uma espécie de copo cheio que já não cabe mais nada. É bem nesse ponto que precisamos absorver mais e mais para que o copo transborde!
E | Exponential
Houve um tempo que que as organizações (e as pessoas) se contentavam em melhorar 10% os seus resultados. Muito tempo depois, uma gigante de tecnologia convenceu um grandioso ecossistema de que precisávamos melhorar 10x os nossos resultados. E hoje, temos por exemplo, a Singularity University que convoca toda a comunidade educacional mundial a impactar o mundo de forma exponencial. Algo do tipo 10 elevado a x com o x tendendo a infinito. São desafios globais que dizem: não vamos nos contentar com pouco! A educação precisa impactar o mundo, mudar mentalidades, gerar todo tipo de riqueza e transformar o planeta por meio de extraordinários propósitos. Os professores precisam ser agentes vivos e ativos de transformação humana. Construtores de infinitas pontes e de nenhum muro!
Portanto, caro leitor que chegou até aqui: se de alguma forma você pertence a um ambiente de ensino e aprendizagem, aceite três humildes conselhos:
1º) Estude | 2º) Transborde | 3º) Seja Exponencial.
Pois, afinal de contas, o futuro é agora!
José Motta Filho*
* O Professor José Motta Filho é engenheiro, gestor educacional, especialista em Principles of Technology, Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação e Consultor em Metodologias Ativas de Ensino, Inovação Educacional e Tecnologias Educacionais. Atualmente é Consultor Especialista em Metodologias Ativas de Ensino. Palestrante, pesquisador e entusiasta em Tecnologias Educacionais. Head of EdTech na Beenoculus (www.beenoculus.com.br) e Head of Active Learning na Beetools (www.beetools.com.br), Startups que promovem e utilizam Realidade Virtual, Inteligência Artificial, Big Data, Gamification e Adaptative Learning na Educação. Community Connector at Singularity University (Curitiba Chapter) https://global.su.org/chapters/curitiba. Diretor Educacional da SiliconValley.com.br, Startup que promove imersões educacionais ao Vale do Silício (USA), Finlândia, Israel e China. O profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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