É muito comum ver as instituições de ensino explicando a necessidade da reciclagem, explicando as questões ambientais. A coleta seletiva do lixo é uma atividade interessante, mas que deve ser bem trabalhada, principalmente em relação aos componentes eletrônicos.
Investir em ações que incentivem a reciclagem desses materiais é importante não apenas ao meio ambiente, mas também para envolver e conscientizar os alunos e a comunidade escolar a respeito da sustentabilidade ambiental na Era Digital. Segundo dados da ONU divulgados em 2015, 50 milhões de toneladas são descartadas anualmente e entre 60 e 90% destes resíduos são jogados no lixo ou comercializados ilegalmente.
Diante de tantos lançamentos tecnológicos e todo esse lixo podemos nos questionar e também os alunos: Será que estou fazendo a minha parte com relação ao lixo separando o que pode ser reciclável? Quais são as minhas atitudes em relação aos produtos tecnológicos antigos que são descartados?
Os computadores possuem componentes derivados de materiais como ouro, prata e cobre que, quando depositados de modo irregular e expostos ao sol e a chuva, liberam partículas que podem contaminar o solo.
O descarte de lixo eletrônico inclui os seguintes produtos: ar condicionado, batedeira, cafeteira, aquecedor, ventilador, circulador de ar, espremedor de frutas e vários eletrodomésticos de porte pequeno. Computadores, desktop, notebooks, netbooks, HD externo, nobreak, estabilizadores, fax, impressoras, cartuchos de tinta para impressão, monitores etc.; televisores de diversos formatos e padrões sejam eles LCD, LED, Plasma, CRT (televisão antiga de tubo) e aparelhos portáteis como tablets, smartphones, celulares, filmadoras, câmeras fotográficas, MP3 players, baterias, pilhas e lâmpadas fluorescentes.
A coleta seletiva de lixo está implantada em centenas de municípios brasileiros, mas existe um erro crasso no planejamento. Não se implementa a coleta seletiva sem antes investir em um programa efetivo e funcional de educação ambiental.
Aulas teóricas e práticas a respeito do caminho que o lixo eletrônico percorre ao ser descartado também são importantes, de modo a ensinar como as ações cotidianas levam ao acúmulo de resíduos nos lixões.
O descarte de eletroeletrônicos gera a necessidade de buscar mais matéria-prima para suprir o mercado, que consome produtos tecnológicos com euforia. A exploração das matérias-primas de eletroeletrônicos causa problemas sociais e ambientais no mundo inteiro. A reciclagem permite a logística reversa e a consequente quebra do ciclo prejudicial ao fazer o material voltar ao produtor, permitindo o reaproveitamento. Equipamentos eletrônicos em boas condições podem ser doados para entidades sociais que atuam com inclusão e educação digital. Se não for possível doar, entregue computadores e suprimentos para associações, empresas e cooperativas da área de reciclagem de resíduo eletrônico.
A comunidade escolar precisa ser informada sobre as razões e benefícios da coleta seletiva, a curto, médio e longo prazo. Os professores são a peça fundamental nesse processo de conscientização da sociedade, afinal, é por intermédio deles que ocorrerão todas as mobilizações.
Os adolescentes têm a tendência natural no engajamento de causas transformadoras, desde que incentivados e instruídos adequadamente. Os jovens tendem a copiar comportamentos e a repercuti-los em redes sociais — o que aumenta ainda mais a responsabilidade da escola em proporcionar envolvimento em valores importantes.
*Artigo escrito por Ana Paula Siqueira Lazzareschi de Mesquita, advogada e sócia de SLM Advogados, membro da Comissão de Direito Digital e Compliance da OAB-SP e idealizadora do Programa Proteja-se dos Prejuízos do Cyberbullying. A profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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