É comum lermos nos Projetos-Político-Pedagógicos (PPP) que as escolas querem “formar cidadãos críticos, participativos, que entendam a realidade em que estão inseridos e nela possam interferir positivamente”. Lindo objetivo! Realmente digno de aplausos. Mas para que o PPP possa extrapolar a gaveta das escolas e, de fato, ser colocado em prática, é preciso uma abertura às novas metodologias, temáticas e propostas pedagógicas que se apresentam como alternativas para superar o modelo de escolas do século XIX.
E quando digo que, em termos educacionais, ainda estamos no século XIX, me refiro às cadeiras enfileiradas, ao centramento no professor, às aulas expositivas (nada contra, mas não precisa ser a única opção), às disciplinas fragmentadas que não conversam umas com as outras e ao ensino descontextualizado, descolado da realidade.
E por falar em realidade, será que estamos preparando os estudantes para a realidade que os espera ou para a realidade em que nós, professores da geração “X” e “baby boomers” fomos formados? Ai ai ai... dá até medo de pensar na resposta.
E se falarmos do futuro do trabalho e da redução dos empregos formais, que já começam a se tornar realidade? Atualmente são milhões de jovens sem emprego. Os índices mostram um número assustador: eles representam o dobro da taxa geral de desempregados!
É... Esses jovens precisarão de muita criatividade, “jogo de cintura”, flexibilidade, cooperação, pensamento crítico, capacidade de argumentação, de resolução de problemas e consciência cidadã para superar os desafios que virão.
O que todos queremos (e expressamos, ao menos no papel) é ter uma escola viva, que prepare os estudantes para a vida real, para um futuro próximo, digital, cheio de situações complexas que requerem muito além das competências cognitivas. De forma alguma quero dar a entender que as competências cognitivas não são importantes. Longe disso: são essenciais! Porém, de que adianta formar um jovem que é fera em Língua Portuguesa, Ciências e Matemática, mas que não sabe se relacionar, não consegue trabalhar em equipe, tem dificuldades em uma entrevista de emprego ou não consegue argumentar e se comunicar diante de uma ótima oportunidade? Acho que concordamos que as competências cognitivas precisam estar pari passu com as competências socioemocionais, não é mesmo?
E é aí que a Educação Empreendedora (EE) entra em cena. Uma alternativa para mudar o mundo, ou ao menos o nosso pequeno mundo, a partir da educação. Olha só, de bate-pronto te dou 10 motivos para pensar na EE com carinho:
1 – Desenvolve os estudantes de forma integral;
2 – Prepara os jovens para a vida real;
3 – Desperta talentos;
4 – Fomenta a inovação;
5 – Desenvolve habilidades e competências que vão além do currículo escolar formal e que os torna mais preparados para os desafios do século XXI;
6 – Permite o trabalho interdisciplinar e a pedagogia de projetos;
7 – Acompanha as mudanças pelas quais nossa sociedade vem passando;
8 – Está alinhada à Base Nacional Comum Curricular, portanto não precisa desviar do currículo;
9 – Favorece o trabalho com metodologias ativas e o protagonismo dos estudantes;
10 – Concretiza as lindas palavras do PPP da escola.
A lista poderia ser beeeem mais extensa, mas acho que nem precisa de mais, não é? Você deve ter percebido que a Educação Empreendedora fala da vida – e a escola não é só lugar de ciência, é de vida também.
*Texto escrito por Ana Gabriela Simões Borges, Pedagoga, Doutora em Educação, Educomunicadora, Especialista em Organização do Trabalho Pedagógico, Colunista no jornal Gazeta do Povo e Superintendente do Instituto GRPCOM.
** Conheça dois projetos de educação empreendedora que podem te inspirar:
Ler e Pensar: lerepensar.com.br
Televisando: rpc.com.br/televisando
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