No Brasil, desde 1897, nós educadores Maristas sempre entendemos que a educação se faz pela e para a solidariedade. Trata-se de uma dimensão essencial da educação que só é alcançada quando transformamos a solidariedade em caminho e meta, pois não é possível aprender a solidariedade como um valor, “em tese”.
O Papa Francisco, que se tem colocado a serviço da humanidade, é exemplo de como a solidariedade ganha contornos mais reais. Recentemente, o Pontífice permitiu que um indigente fosse enterrado no cemitério do Vaticano. Da mesma forma, a própria Campanha da Fraternidade deste ano, tem como lema “Eu vim para servir”, aprofundando o diálogo entre a Igreja e a sociedade.
Tais medidas são imprescindíveis no contexto contemporâneo. É fato, há uma urgência ética que não se restrinja ao cenário religioso. Como sociedade, vivemos a necessidade de um “resgate do humano”. O próprio relatório da UNESCO para a Educação do século XXI aponta, no eixo “aprender a conviver”, o quão crucial é o cultivo da espiritualidade. Nesse caso, uma renovação da sensibilidade através do conhecimento do outro, de sua história e de seus costumes. Temos que fugir do cinismo e da resignação e reconhecer a crescente interdependência existencial e prática das nossas vidas pessoais e coletivas.
Resgatar o que sentimos, clarear o que percebemos e agir a partir dessas percepções é o que movimenta o nosso jeito de fazer educação. E tem dado resultado. Observamos nossos adolescentes batalhando por espaços e por alternativas nas quais sejam reconhecidos como articuladores, sujeitos de processos que gerem mais vida para si e para seus interlocutores. É o chamado protagonismo juvenil.
Para destacar um movimento consistente dessas lideranças, a Missão Solidária Marista (MSM), ação que ocorre há anos, envolve os jovens dos Centros Sociais e dos Colégios do Grupo Marista e tem incidência simultânea em várias realidades socialmente vulneráveis. A proposta de atuação tem três ênfases: gesto concreto, oficinas socioeducativas e visitas domiciliares.
As visitas domiciliares permitem uma análise acurada da vida concreta da comunidade escolhida para o projeto. Os jovens missionários são chamados a ver, ouvir e perceber todos os aspectos de famílias que convivem com os limites daquele grupo social. As oficinas socioeducativas canalizam a vertente mais educacional com os adolescentes e crianças. E por fim, o gesto concreto, escolhido pela comunidade que recebe os missionários, é o que mais empolga os jovens, pois propicia a melhoria concreta de espaços comunitários.
São ações como essas que nos inspiram a perseguir, como sociedade, o almejado resgate humano, aprendendo a conviver e a desenvolver o conhecimento sobre o outro e contribuindo, dessa forma, para a transformação das realidades que geram violência, dor e exclusão.
*Artigo escrito por Ascânio João (Chico) Sedrez, diretor geral do Colégio Marista Arquidiocesano, da rede de colégios do Grupo Marista, colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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