Como já sabemos, de uma hora para outra, as escolas tiveram que suspender suas atividades em virtude da pandemia do novo coronavírus, e, isto impactou de forma direta nossos modelos educacionais, repentinamente, alterando a rotina de famílias, alunos, professores e é claro, dos gestores. Porém, já vislumbramos um cenário que veio para ficar, mesmo com a retomada das atividades presenciais, o que tem promovido algumas reflexões.
Nesta perspectiva, vemos também um novo papel ganhando força entre professores e gestores, o papel de curador. Mas afinal, o que é curadoria?
Vamos compreender a etimologia do termo, a palavra tem origem do latim "curator", que significa aquele que administra, em síntese, aquele que tem cuidado, apreço com algo. Portanto, o ato de "curar" está diretamente relacionado ao ato de zelar, cuidar e tratar com muita atenção alguma coisa, por isso, o novo papel do gestor, compreende que ele tenha maior atenção e cuidado com os conteúdos e informações que chegam ao ambiente escolar.
Todavia, é importante compreender o motivo de realizar esta curadoria. Para termos uma ideia, a cada 60 segundos, cerca de 168 milhões de e-mails são enviados no mundo todo, 600 vídeos são postados na mais famosa plataforma de vídeos, o Youtube, e em torno de 1500 textos são postados em blogs, segundo informações obtidas recentemente pelo portal Go-Globe.com, isto, antes da pandemia. Agora o fluxo de informações que já era massivo, tomou proporções ainda maiores, principalmente no meio educacional pois grande parte das informações que assolam nosso cenário de incertezas (especulações e Fake News) são provenientes da internet e redes sociais, mesmo lugar onde estamos convivendo com o aprender e muitas vezes, o ensinar.
Os papéis do gestor e do professor
Uma corrente onde o professor assume o papel de curador já é discutida a algum tempo, visto a avalanche de conteúdos gerados em todos os meios de comunicação, após o boom digital, onde se tornou cada vez mais necessário a orientação de separar e filtrar estas informações, encaminhar percursos metodológicos e promover um ambiente de aprendizagem com direcionamento e acompanhamento efetivo, e não ter a internet e seus recursos como um vilão da educação.
Mas e o gestor, o que faz com esta mudança repentina? Ele também precisa tornar-se um grande curador, pois, a sua esfera de atuação abrange informações legais, sociais e agora também questões dos protocolos de saúde, que permeiam a comunidade escolar, alunos e sua equipe de professores, chegam a todo momento e por todas as frentes de comunicação, mídias, redes sociais, decretos e as cobranças aflitas por respostas, vindas de sua equipe e das famílias, demandando do gestor a capacidade de filtrar, segmentar e repassar as informações corretas. Assim, para continuar a desempenhar seu papel de liderança já exercido anteriormente, precisa desenvolver a nova competência de curador.
Como aprender a ser um curador
É preciso refletir sobre seus processos, e agora, a busca pelo conhecimento que sempre colocamos como pilar básico para o desenvolvimento do gestor torna-se preponderante nesta perspectiva. Buscar novas informações, checar a veracidade daquelas que recebe diariamente, conferir as fontes, zelar para que tal informação chegue com a mesma veracidade para sua equipe, alunos e comunidade escolar, reforçar ideias e acima de tudo manter-se no papel de líder, cativando, inspirando e conduzindo o ambiente escolar e seus processos de maneira assertiva.
Portanto, caro gestor, agora é hora de “arregaçar as mangas”, assumir mais este papel, já que no cenário pós-pandemia o gestor é além de líder, empreendedor, diretor, coordenador, mentor, facilitador, e, dentre tantas outras funções, agora também é curador.
*Texto escrito por Josemary Morastoni, pedagoga, especialista em formação de professores e Coaching Educacional, mestre e doutoranda em Educação e com mais de 30 anos de experiência como gestora escolar em instituições da Educação Básica e do Ensino Superior, tanto da rede pública, quanto da rede privada de ensino. A profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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