A maioria das pessoas, em seu âmago, sonha com um mundo mais harmonioso e em paz, onde as relações entre os humanos possam ocorrer de forma generosa.
A base cultural ocidentalizada da nossa sociedade é orientada predominantemente pela racionalidade e pelos interesses econômicos, que culminam em um modelo de sociedade consumista, materialista, individualista e competitiva. Tais aspectos, muitas vezes, contribuem para dificultar o atendimento de nossas necessidades de interação social, de autocuidado – prejudicando nossa qualidade de vida – e temos menos tempo ainda para considerar as necessidades do próximo!
Assim, sem perceber nos distanciamos de nós mesmos e do mundo. Esse comportamento coletivo acaba gerando diversos efeitos colaterais que podem levar à depressão, aumento dos índices de violência, degradação ambiental, separações conjugais, abandono emocional de filhos, fuga para as drogas, entre outros.
Ao observar o modelo educacional predominante, constato com tristeza que ele está tão imerso no modelo ocidental que não percebe o quanto contribui para manter essa situação. De forma que, ao invés de cumprir o seu papel de tornar os indivíduos mais plenos e empoderados, ele acaba reforçando a alienação ao reproduzir o sistema.
Concordo com Nelson Mandela ao afirmar que a educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo. Torna-se crucial no atual contexto civilizatório que a educação assuma efetivamente a formação integral dos indivíduos, o que inclui um novo modo de pensar, sentir e agir que garanta às pessoas condições para maior compreensão de si, do outro e do mundo que pertencemos.
A tendência do ensino em focar a instrumentalização tendo em vista a profissionalização, deve ceder espaço ao aprender a viver e, sobretudo, ao aprender a viver juntos. No momento, a sobrevivência dos humanos e de todas as espécies que habitam o planeta depende de uma mudança nos paradigmas predominantes no modo de pensar e agir da humanidade. Consequentemente, mudar o mundo passa pela mudança dos paradigmas na área da educação!
A educação precisa ousar na sua forma de tratar os temas sociais e ambientais da atualidade, saindo do discurso para prática e buscando proporcionar aprendizagens significativas e impactantes. Isso inclui possibilitar aos educandos o contato e a interação com a realidade. Nesse sentido, a aprendizagem experiencial por meio da interação dos estudantes em contextos vulneráveis social, econômica, ambiental ou culturalmente, tem-se mostrado muito eficaz ao proporcionar a vivência de valores humanos fundamentais que contribuem para o desenvolvimento da sensibilidade solidária e a ampliação de repertório pessoal diante dos desafios com os quais os estudantes podem ser confrontados.
Felizmente a Educação para a solidariedade, ou para o bem comum, já se encontra na agenda de algumas instituições que atuam com educação formal e não formal, principalmente com estudantes jovens, despertando e canalizando a energia de um exército que tem-se colocado a favor do bem e tem tido a oportunidade de rever e modificar seu olhar e postura diante da realidade.
>> Este artigo foi escrito por Mari Regina Anastacio, diretora da Associação Gente de Bem. Mari é doutoranda em Educação e coordena o Núcleo de Projetos Comunitários da PUCPR e o livro Educação para Solidariedade no Ensino Superior.
>> Quer saber mais sobre educação, mídia, cidadania e leitura? Acesse nosso site! Acompanhe o Instituto GRPCOM também no Facebook: InstitutoGrpcom
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião