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Quando digo que trabalho com Educomunicação, inevitavelmente vem a pergunta “E o que é isso?”. As respostas variam, mas geralmente giram em torno do “usar a comunicação para ensinar e aprender sobre direitos humanos, participação social, cidadania…” e por aí vai.

Para os que gostam de um pouco de história, a Educomunicação começou a aparecer em textos e documentos na década de 1980. Na América Latina, teve seu surgimento associado principalmente a projetos de instituições religiosas, organizações não governamentais e movimentos sociais, além de ter sido objeto de estudo no campo acadêmico (como na pesquisa Perfil do Educomunicador, do Núcleo de Comunicação e Educação da USP, feita no fim dos anos 1990).

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Em termos conceituais, a Educom visa o planejamento e a implementação do que o teórico Ismar Soares chama de “ecossistemas comunicativos abertos e criativos”, que possibilitem a expressão e troca de ideias entre diferentes membros da comunidade (seja ela a escola, a família, o bairro etc.). Em linhas gerais, toda a iniciativa em educomunicação busca incentivar o diálogo, a colaboração e se baseia no entendimento de que todos podem ensinar e ser ensinados, dentro e fora da escola. E a comunicação aparece como principal engrenagem para o aprendizado de todos, já que sem ela não há compartilhamento nem construção coletiva dos saberes.

Hoje reconhecida enquanto política pública na cidade de São Paulo (por meio da Lei municipal nº 13.941/2004), a Educom carrega diversas possibilidades de interação com temas como o direito humano à comunicação (noção que engloba o direito à liberdade de expressão, o direito de acesso à informação e, de maneira mais abrangente, a representatividade de grupos historicamente excluídos e discriminados na produção de comunicação), democracia participativa, meio ambiente e (de novo) por aí vai. Mas para não ficar só no mundo abstrato das ideias, que venham os exemplos práticos:

Educom é montar uma rádio comunitária na escola que seja pensada por estudantes e professores em conjunto. É sugerir que adolescentes saiam pelo bairro à procura de figuras conhecidas, as entrevistem e depois escrevam um relato dessa experiência (liberdade poética também é importante aqui). É fazer uma saída fotográfica para o centro histórico da cidade, ter uma aula de História lá e depois selecionar as melhores fotos e publicar no jornalzinho da escola. É trazer os vídeos e programas favoritos da gurizada para debater… qualquer tema e ainda de quebra instigar críticas ao modelo e linha argumentativa apresentados no produto audiovisual. É sair do modelo de educação verticalizado (no qual o professor é visto como único detentor da palavra, enquanto os demais se limitam a escutar e fazer anotações) para construir e (melhor ainda) desconstruir noções coletivas do que é socialmente aceitável ou não.

*Artigo escrito por Paula Nishizima, jornalista e educomunicadora do coletivo Parafuso Educomunicação. O Parafuso Educom é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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