Empreender grande, desde pequeno. Esse é o título do primeiro livro de Davi Braga, jovem de 16 anos que já possui sua própria startup com um faturamento de 600 mil reais. O exemplo veio de casa e a inspiração surgiu de uma necessidade que ele encontrou em sua própria rotina. O Shark Tank Brasil, programa para promover negócios, traz novos exemplos empreendedores a cada semana, e mostra muita criatividade e persistência na defesa de uma nova ideia. Explorar uma oportunidade e torná-la seu negócio envolve riscos, mas é um dos principais agentes de transformação da economia. E a palavra-chave para isso é nada mais, nada menos que inovação. Além de muita motivação para impulsionar o trabalho, é claro.
No Brasil, infelizmente, os números relacionados ao empreendedorismo não são muito animadores. Apesar de 36% de nossa população adulta estar envolvida com alguma atividade empreendedora, ainda ficamos aquém da qualidade necessária em termos de tecnologia, valor de investimento e novidade do produto. Os dados são do Relatório de Empreendedorismo e Mercado de Trabalho do Sebrae (2017), que também aponta que, por isso, a capacidade média de inovação do brasileiro é baixa (justamente a palavra-chave que o empreendedorismo tanto precisa para alavancar). De acordo com o GEI (Índice Global de Empreendedorismo), que mede a qualidade do empreendedorismo no mundo e a profundidade de suporte de seu “ecossistema”, o Brasil está em 98.º lugar de um ranking de 137 países pesquisados, colocando-se em uma posição de empreendedorismo direcionado por fatores e eficiência, no extremo oposto das primeiras posições direcionadas pela inovação, que são tomadas por Estados Unidos, Suíça e Canadá.
É, nosso caminho é longo e árduo. Os dados das pesquisas mostram que precisamos mudar nosso direcionamento para empreender, colocando a necessidade da inovação como foco da mudança. Porém, essa mudança não acontece da noite para o dia, precisa ser cultivada e experimentada. Por isso, vejo uma grande oportunidade desse trabalho acontecer no ambiente escolar. Além de proporcionar vivência de situações reais e ambiente de experimentação totalmente aberto ao exercício de tentativa e erro, promove também o desenvolvimento de outras habilidades técnicas e socioemocionais relevantes. Se empreender pela inovação é caminho para o desenvolvimento econômico, ter crianças e jovens exercitando a inovação e praticando o empreendedorismo é galgar espaço para um cenário futuro de amplo processo de transformação da economia. Criar essa cultura pode realmente causar uma mudança significativa no direcionamento de uma sociedade.
No processo educacional do Sistema Fiep, o empreendedorismo juvenil já foi instituído como um dos pilares da metodologia, promovendo iniciativas curriculares para os alunos da Educação Básica, Profissional e Superior por meio do Programa Trilha da Inovação. São 5 etapas que ofertam ações importantes durante o ano letivo: Mobilizar – momento do despertar e motivar para a inovação; Experimentar – ações focadas na experimentação do empreendedorismo, no qual a construção de modelos de negócio é fundamental; Prototipar – que proporciona oportunidade para moldar, representar a ideia de forma primária; Incubar – oportunidade de desenvolver o negócio em ambiente controlado; e Acelerar – quando será possível, de fato, colocar o negócio no mercado.
Além da própria metodologia ser baseada na aprendizagem por projetos, cada etapa desse programa apresenta ações práticas que envolvem os alunos a pensar, criar e empreender. Grand Prix de Inovação com situações-problema de indústrias locais, desenvolvimento do TCC dos cursos técnicos voltado a uma necessidade de inovação industrial (e não há moleza na banca, o empresário é o próprio avaliador), disciplinas voltadas para o mundo do trabalho como “Oficinas Tecnológicas” (sim, faz parte do currículo obrigatório no ensino médio), sem contar as importantes parcerias como a Junior Achievement, que proporciona ações como a Miniempresa e a Minha Ideia de Negócio.
Não será fácil mudar rapidamente o cenário brasileiro de empreendedorismo, mas tenho certeza de que é possível se cultivarmos a base e criarmos a cultura de inovação no processo educacional. Não é difícil planejar o currículo e a metodologia tendo esse pilar como foco. Pensar e agir nisso é fundamental, indispensável para sermos um país direcionado pela inovação.
*Artigo escrito por Giovana Chimentão Punhagui, pedagoga e mestre em Educação pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), com formação complementar em ensino de língua inglesa pela University of Cambridge. Gerente Executiva de Educação do Sistema Fiep.
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