Fundamentalmente podemos começar dizendo que não se trata de apenas misturar modelos. A comunidade de educação superior brasileira vem discutido com intensidade as tendências mundiais sobre os desafios de romper modelos de uma arquitetura de ensino superior centrada na lógica enquadrada em formatos legais: presencial, semipresencial ou a distância. Essa lógica ordenada pelo Ministério da Educação é problematizada de forma intensa por um contexto marcado pela sociedade do conhecimento, relações de um mundo globalizado, cibercultura e emergência de um novo perfil de acadêmicos chamados “nativos digitais”, mas que não são “nativos” em novos modelos de ensino-aprendizagem os quais utilizam a tecnologia como recurso no processo de construção autônoma do conhecimento. A discussão que cerca o ensino híbrido, blended, é de que constitui um desafio para todos os atores envolvidos.
O modelo híbrido surge como um novo paradigma no sentido de romper as concepções fragmentadas, delimitadas, para assumir uma forma de pensar o ensino-aprendizagem de modo flexível, personalizado, utilizando múltiplas estratégias para contemplar os diferentes perfis dos estudantes. Uma das características fortes do modelo híbrido é a inserção de uma parte do processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologia para contribuir no rompimento de tempos e espaços de onde se dá a construção do conhecimento.
O desafio que se apresenta para as instituições é a superação da visão binária (este ou aquele), própria de quem pensa que tudo o que é inovador passa pela simples condição de incorporar a tecnologia, assim como também é equivocado afirmar que tudo o que ocorre hoje em sala de aula presencial já está superado. A “tarefa de casa” é articular o “melhor dos dois mundos”, ou seja, em todo os processos de ensino-aprendizagem há determinados conceitos, vivências que demandam momentos presenciais, face a face, e há conceitos, pesquisas, leituras que podem e devem ser realizadas pelo aluno de forma autônoma, em outros tempos e espaços. Essa concepção é que deverá sustentar a opção pelo modelo híbrido. A partir dessa premissa inicial, a instituição de ensino superior decidirá a trilha de formação, mesclando tempos on-line, tempos presenciais, situações individuais e situações grupais tendo em vista o perfil de egresso de seus cursos.
Acrescenta-se que o ensino-aprendizagem híbrido, blended, apresenta algumas características fundamentais: preocupação com as necessidades dos acadêmicos, foco no desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes; significação dos conceitos e aplicação ao contexto; respeito ao processo de desenvolvimento dos acadêmicos; promoção de atividades diversificadas individuais e grupais; fomento à cooperação; utilização de recursos diversificados; envolvimento ativo dos atores; educação para o uso das tecnologias como ferramentas de pesquisa, estudo e trabalho.
Faz-se necessário compreender que o ensino-aprendizagem híbrido se configura como um desafio para a inovação dos modelos educacionais tendo por base a andragogia e a heutagogia. Os novos modelos deverão qualificar o compromisso com a formação integral, ou seja, formar pessoas que interagem, cooperam, produzem conhecimento significativo para o desenvolvimento da sociedade de forma ética.
Tal preocupação marcou as atividades do 23º Congresso Internacional de Educação a Distância nos dias 17 a 21 de setembro de 2017 em Foz do Iguaçu, onde mais de dois mil docentes, gestores, empresários, consultores e poder público discutiram “Metodologias ativas e tecnologias aplicadas à educação”; contando com palestras, mesas-redondas, apresentações de pesquisas científicas, que tematizaram o modelo híbrido, blended, dos projetos acadêmicos de cursos.
A FAE Centro Universitário (Curitiba, PR), também presente no congresso, é uma das instituições que vêm discutindo em sua comunidade acadêmica a implementação do modelo blended em alguns de seus cursos como estratégia de ampliação dos aspectos que caracterizam a sua proposta de ensino: flexibilização; fortalecimento de competências de seus acadêmicos pautadas na autonomia, ética e autoria; formação docente e discente para inserção de tecnologias nos processos de ensino-aprendizagem como recursos de otimização, socialização, sistematização dos saberes e extensão dos processos de serviço à comunidade. O modelo híbrido é, sem dúvida, para a FAE, mais um aspecto na composição da excelência sustentada em seus 60 anos de presença franciscana na educação.
*Artigo escrito por Vera Fátima Dullius, docente, membro do GT de EaD da Anece coordenadora do Núcleo de Educação a Distância da FAE Centro Universitário que é uma instituição associada ao Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR). O SINEPE é parceiro do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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