O debate sobre a inclusão da pessoa com deficiência (PcD) no ensino regular está mudando o cenário das classes comuns dentro das escolas brasileiras. O número de alunos com deficiência matriculados em escolas regulares cresce a cada ano. Contudo, hoje, no Brasil, mais de 300.000 ainda são atendidos pelas escolas especiais que, por sua vez, são em aproximadamente 3.500. Isso significa que, por mais que o número de estudantes com deficiência matriculados em escolas regulares venha crescendo, as instituições de educação especial ainda desempenham importante papel e, por isso, não vão simplesmente “desaparecer”, como se costuma dizer. O que queremos neste artigo não é colocar uma determinada forma de ensino como a melhor, mas alertar para a importância de se avaliar a opção mais adequada para cada aluno com deficiência.
Esses dois modelos de escola, o especial e o regular, trabalham para desenvolver as capacidades da pessoa com deficiência e a sua sociabilização. A inclusão já é uma grande realidade, e vem ganhando força, gerando mudanças na vida de muitas pessoas. Por sua vez, as escolas especiais estão sempre prontas para atender a necessidades específicas de aprendizagem de cada aluno porque são espaços com turmas menores e homogêneas, equipe interdisciplinar, recursos e materiais pedagógicos especializados e pessoal habilitado – no sentido de trabalhar nesse ambiente por muito tempo e conhecer seus estudantes muito bem – que dispõe de todo o seu tempo para cuidar especialmente da PcD, dando ênfase a sua educação. Alguns desses aspectos também podem ser encontrados nas escolas regulares, mas o que gostaríamos de frisar é que nem todos os estudantes com deficiência têm a possibilidade de acompanhar o aprendizado no ritmo que a escola regular oferece, e é preciso dar atenção a esse aspecto para que ele possa ter bem desenvolvidas suas habilidades, com qualidade de aprendizado.
Vejam o que fala a psicóloga Clarissa Henriete Ogliari Bilek, da Escola Nilza Tartuce – Modalidade Educação Especial: “O processo de aprendizagem dos nossos alunos ocorre como o resultado da mediação que o professor proporciona entre o objeto de conhecimento e o sujeito, da mesma forma que ocorre com alunos com o desenvolvimento normal. A questão principal é que a criança com deficiência necessita de mais auxílio e suporte para compreender e assimilar um novo conhecimento. Muitas crianças com deficiência intelectual, independente do diagnóstico, possuem dificuldade na memória de curto prazo, o que afeta diretamente sua atuação em sala de aula e sua aprendizagem (…) o professor necessita então trabalhar de forma mais gradativa e lenta, começando sempre por conceitos mais básicos como coordenação motora ampla, esquema corporal e identidade e, aos poucos, ir avançando nos conteúdos”.
Vale salientar ainda que o aprendizado não está apenas dentro das escolas, mas também com a sociedade. Nós somos os maiores responsáveis pela inclusão das pessoas com deficiência, não importa aonde elas tenham estudado. Se um jovem escolhe a universidade para a qual quer ir e em qual acredita que se desenvolverá da melhor maneira, o mesmo deve acontecer com as pessoas especiais, uma vez que elas e seus familiares também escolhem o melhor lugar, aquele que as irá preparar para seu desenvolvimento dentro da sociedade, que é a sua maior escola.
*Artigo escrito por Caroline Kurovski. Analista de Marketing da ASID Brasil (Ação Social para Igualdade das Diferenças), ONG que trabalha para aprimorar a gestão das escolas gratuitas de educação especial, resultando na abertura de vagas e melhoria da qualidade de ensino. A ASID colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
**Quer saber mais sobre cidadania, responsabilidade social, sustentabilidade e terceiro setor? Acesse nosso site! Acompanhe o Instituto GRPCOM também no Facebook: InstitutoGrpcom, Twitter: @InstitutoGRPCOM e Instagram: instagram.com/institutogrpcom