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O mundo físico está se tornando digital numa velocidade vertiginosa. Estamos na 4ª revolução industrial, e estima-se, conforme um estudo do Fórum Econômico Mundial, que 65% das profissões do futuro ainda nem foram inventadas. Inteligência Artificial, big data, internet das coisas, robótica, impressão 3D, fábricas inteligentes e automatizadas são palavras que compõem esse novo cenário que está se delineando.
E como se preparar para algo que ainda nem existe? O ponto de impacto é este: não se trata de escolher uma graduação ou curso mais importante ou adequado para atender a estas novas profissões, e sim, de quais habilidades serão exigidas desses futuros profissionais e, portanto, devem ser desenvolvidas desde hoje.
Se antes a trajetória natural para o jovem que saía da sala de aula do ensino médio era avançar e dar seus primeiros passos para o mercado de trabalho, hoje as empresas esperam que esse mesmo jovem entre correndo ou, pelo menos, que esteja preparado para correr com eles. Por isso, sua inserção neste cenário, antes mesmo de atuar diretamente nele, deve acontecer desde cedo, com uma formação que lhe permita experimentar e vivenciar os desafios do mundo trabalho enquanto ainda está em processo de formação.
Nessa vertente, a própria reformulação do Ensino Médio vem diretamente ao encontro dessas necessidades, quando se fala da possibilidade de cursar o 5º Itinerário, que remete a formação profissional. Essa formação pode ser decisiva para que o jovem tenha a oportunidade de chegar e permanecer no mundo do trabalho, de forma que venha a atender à realidade social do país, as legítimas aspirações da juventude e a sua preparação para se desenvolver, tendo como horizonte estas novas profissões que ainda surgirão.
De um lado, esse modelo possibilita o conhecimento necessário à formação geral básica que fundamenta o desenvolvimento e consolidação dos conhecimentos e das competências e habilidades essenciais e comuns a todos os jovens, e de outro, de forma integrada, articulada e indissociável, possibilita também a Formação Técnica e Profissional, que o prepara para os novos desafios.
Essa composição articulada deve se traduzir numa integração curricular efetiva e indissociável, ultrapassando a mera justaposição de dois currículos independentes. Sua construção se consolida considerando ainda as metodologias que promovam o desenvolvimento de um perfil analítico e multidisciplinar, capaz de analisar dados, criticar, dialogar com os problemas e desafios e pensar em soluções criativas, que serão fatores determinantes para o sucesso profissional.
Essas mudanças no trabalho e na sociedade que estamos vivendo e que ainda virão, demonstram que o perfil e as necessidades estão em constante movimento. Investir no desenvolvimento de habilidades fundamentadas na capacidade de aprender a aprender e aprender a ensinar, considerando o movimento de adaptação a mudanças e de inovação, se tornarão chave para acompanhar e despontar nesse futuro promissor, desafiador e iminente que bate à porta do presente.
*Jacielle Feltrin Vila Verde Ribeiro é consultora em Gestão Escolar de Qualidade pela Fundação L’Hermitage, pedagoga, especialista em Educação Híbrida, Metodologias Ativas e Gestão da Aprendizagem. Gerente de Educação e Negócio do Sistema Fiep e colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.