Como ofertar melhores condições de trabalho e de formação aos gestores das escolas públicas?
Os municípios, como entes autônomos, têm liberdade para escolher de que forma os diretores das escolas irão ocupar esse cargo. E isso pode ocorrer de diversas maneiras. Desde processos mais simples, como a eleição pela comunidade escolar, até processos mais elaborados, como por exemplo, a necessidade dos candidatos realizarem cursos preparatórios, participarem de uma avaliação e, na sequência, passarem pela análise de uma banca que avalia os seus projetos para a escola, para então, finalmente, participarem da eleição.
Independente do processo adotado, a questão central é que essa é uma função importantíssima para a boa gestão e o bom funcionamento das unidades escolares e, nesse sentido, a formação continuada e o suporte a esses gestores são fundamentais para que eles possam exercer as suas atribuições.
Porém, nem todas as secretarias de Educação têm programas estruturados voltados à formação dos gestores escolares, especialmente aqueles municípios de pequeno porte, que têm maior dificuldade em obter uma boa receita tributária e, manter programas diversificados de qualificação.
E é exatamente devido a tais condições que o Regime de Colaboração intermunicipal pode ser uma saída. Foi assim que nasceu o projeto Gestores Escolares em Movimento: uma iniciativa dos secretários de Educação e equipes dos 21 municípios que compõem o Arranjo de Desenvolvimento da Educação da Associação dos Municípios da Grande Florianópolis, o ADE Granfpolis. A região possui mais de 34 mil alunos da educação básica e 431 unidades de ensino.
Em 2015, quando o ADE Granfpolis foi criado, foram definidas quatro metas para o território. Com o tempo, os planos de ação vinculados às metas foram saindo do papel e, em 2018, foi a vez de iniciar o projeto Gestores Escolares em Movimento. A intenção dos secretários de educação, líderes desse Arranjo, era viabilizar encontros de trocas de conhecimento e diálogo entre os gestores escolares dos diferentes municípios. Gerar aproximações, trocar experiências práticas, além de prestar suporte técnico. E uma definição foi basilar: os encontros não poderiam ter os diretores como agentes passivos, ou seja, precisaria partir do conceito de que eles deveriam ser os protagonistas, pois todos têm muito a compartilhar. Tais momentos deveriam ser recheados de diálogos, debates e construção de proposições.
Como ponto de partida das temáticas a serem trabalhadas, foi utilizada a matriz de Indicadores de Qualidade na Educação, e das sete dimensões dessa matriz, três já foram trabalhadas: 1) Ambiente físico escolar, em que o principal tema foi a compreensão do funcionamento e, também, a regularização de pendências do Programa Dinheiro Direto na Escola - PPDE; 2) Formação e condições de trabalho: em que os diretores revisaram os Planos Políticos Pedagógicos (PPPs) e fizeram a análise dos mesmos à luz da Base Nacional Comum Curricular – BNCC; 3) Ambiente educativo: com oficinas práticas sobre mediação de conflitos no ambiente escolar.
O que chama a atenção é a média de presença nos encontros que é bastante alta, ou seja, 89% dos gestores da região. A integração dos gestores e o apoio para o encaminhamento dos desafios práticos têm sido apontados como os pontos fortes do projeto.
Cada encontro tem a duração de um dia e, para viabilizá-los, independente do porte, as secretarias se apoiam mutuamente e os municípios são organizados em polos regionais em que participam de três a sete municípios conjuntamente. Assim, as 21 secretarias estão conseguindo viabilizar a formação continuada dos seus gestores escolares e estes, por sua vez, estão tendo a oportunidade de formar uma rede de apoio, que se soma aos profissionais das próprias secretarias de Educação. É um processo de ganha x ganha. O projeto encerra seu primeiro ciclo em outubro, quando será conduzida uma ampla avaliação da sua continuidade e/ou aperfeiçoamento.
Esse é mais um exemplo de que o Regime de Colaboração é um instrumento poderoso e que precisa ser incentivado no Brasil como uma forma de reduzir as desigualdades e produzir maior impacto nas políticas educacionais.
*Texto escrito por Eliziane Gorniak, professora, mestre em Gestão Ambiental, sócia efetiva do Movimento Todos pela Educação, integrante do Movimento Colabora Educação e Diretora Executiva do Instituto Positivo, organização que atua em favor da melhoria da qualidade da educação pública, por meio do incentivo ao Regime de Colaboração. Colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM, no Blog Educação e Mídia.
**Quer saber mais sobre educação, cidadania, responsabilidade social, sustentabilidade e terceiro setor? Acesse nosso site! Acompanhe o Instituto GRPCOM também no Facebook: InstitutoGrpcom, Twitter: @InstitutoGRPCOM e Instagram: instagram.com/institutogrpcom
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Toffoli se prepara para varrer publicações polêmicas da internet; acompanhe o Sem Rodeios
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Brasil cai em ranking global de competitividade no primeiro ano de Lula
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS