Não é difícil encontrar o discurso entre alguns professores da escola pública que dizem: “Na minha escola falta isso, falta aquilo e vem o governo falando em robótica, computadores, impressoras 3D! A gente precisa do essencial: lápis, borracha, caderno e giz”.
O que é essencial para a educação do século XXI? Aliás, o século XXI já é um jovem que atingiu a maioridade e completou seus 19 anos de intensa existência. Falar em educação, nesse momento histórico, implica necessariamente considerarmos a influência que a tecnologia digital tem sobre a vida humana.
O desenvolvimento acelerado das tecnologias digitais trouxe consigo mudanças substanciais na forma como a sociedade se organiza e se relaciona, provocada principalmente pelo advento da internet, revolucionando os espaços, os tempos e as maneiras de se comunicar. Cada vez mais, assuntos relacionados à inteligência artificial, Internet das Coisas, robótica, computação em nuvem têm adquirido importância para a vida humana, facilitando nosso modo de viver individualmente e em sociedade.
No entanto, o acesso a esse universo altamente digital não está ao alcance de todos de maneira ampla e irrestrita. Nos dias atuais, ter acesso à internet não representa estar incluído digitalmente, no seu sentido mais amplo. Acesso a recursos e serviços de ponta em tecnologia é uma realidade de alguns poucos favorecidos. Por exemplo, técnicas em saúde com instrumentos automatizados, como braços robóticos em cirurgias permitem ao médico realizar procedimentos menos invasivos e mais precisos. Porém, esse não é um recurso acessível financeiramente a todos.
Existe um consenso entre pesquisadores, governos e entidades nacionais e internacionais de que as tecnologias digitais interferem profundamente no desenvolvimento socioeconômico, configurando-se como um aspecto relevante para a superação das desigualdades, a longo prazo.
Para que possamos ter uma sociedade justa e igualitária é fundamental que não sejamos apenas consumidores de tecnologia, mas também produtores. Esse processo pode e deve começar nos espaços de ensino, principalmente os públicos, os quais na maioria das vezes representam o único ambiente de acesso à recursos digitais para aqueles que fazem parte da maioria desfavorecida da população das cidades brasileiras.
Aprender utilizando tecnologias digitais, interagindo com as linguagens da sociedade da informação e comunicação, são premissas para o desenvolvimento da cultura digital, como uma das competências prevista na BNCC:
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
E o que a escola pública tem oferecido?
Na Rede Municipal de Ensino de Curitiba alunos e, até a comunidade, têm acesso à tecnologia digital. O ano de 2018 foi marcado por importantes ações relacionadas à implementação de novas metodologias em educação, formação de professores e novos equipamentos tecnológicos. Alguns exemplos:
Impressão em 3D: Os Faróis do Saber e Inovação, que em síntese são bibliotecas públicas, possibilitam que toda a comunidade experiencie o processo de modelagem e impressão em 3D, dentre outras tecnologias. A ideia desse projeto é formar uma população mais qualificada para as profissões do nosso tempo, com acesso a diferentes recursos tecnológicos e novas maneiras de aprender.
Robótica: Mais de 100 escolas municipais terão disponíveis kits de robótica com tecnologia microduíno, para utilizarem no desenvolvimento de projetos curriculares.
Programação: Seguindo uma tendência mundial, há um trabalho intenso voltado aos benefícios da programação e do pensamento computacional, desde os pequenos até os adolescentes.
Há ainda projetos como os jornalistas mirins e rádio escola, baseados nos princípios da educomunicação, uso de recursos como netbooks, computadores, lousas digitais interativas, realidade virtual, aplicativos, softwares e sites no desenvolvimento dos conteúdos curriculares.
Muito está sendo feito, mas ainda há muito o que fazer. O que não se pode perder de vista é a finalidade de oferecer melhores condições de aprendizado aos alunos e construir uma sociedade mais justa e igualitária.
* Texto escrito por Estela Endlich, doutoranda em educação pela Universidade Federal do Paraná. Coordenadora de Tecnologias Digitais e Inovação na Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. A profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM, no Blog Educação e Mídia.
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