Se não ouviu, saiba que não está só. Apesar de ser um termo usado há mais de duas décadas, muita gente ainda não conhece. Antes de escrever este texto, até para entender se teria alguma relevância, perguntei a alguns amigos se sabiam o que era prosumer e a maioria nunca tinha ouvido falar, o que me fez seguir com a ideia e traçar as próximas linhas.
Desde quando comecei a ministrar cursos e palestras para professores – e isso faz quase 20 anos – perguntava a todos os presentes: Quem aqui já interagiu com a mídia? Quem mandou uma carta do leitor para o jornal, uma pauta para uma emissora de televisão, uma ligação para a rádio?
A pergunta era uma provocação, pois como a resposta era sempre a mesma e ninguém ou um número muito insignificante de pessoas levantava a mão, eu aproveitava para falar da importância de interagir e de não ser apenas impactado pela mídia. A intenção era mostrar que não precisávamos ser só audiências, meros consumidores, como alguns teóricos da comunicação – de viés mais frankfurtiano – queriam legitimar. Pessoalmente, nunca acreditei na máxima de que nós, consumidores, éramos massa de manobra, passivos idiotas diante da mídia. Ao contrário, preferia acreditar no que o francês Dominique Wolton dizia: não somos moluscos culturais! Enquanto consumidores temos escolhas, podemos protestar, discordar, ter nossos próprios pensamentos e expressões.
Ainda bem que os estudos culturais e os estudos de recepção na América Latina começaram a olhar para esses “meros consumidores” de informação e perceber que eles também eram ativos nos processos comunicacionais. Que não só podiam interagir, como refutar e dar sentido às tantas mensagens recebidas diariamente.
Pois bem, saímos do tempo de sermos subjugados a meros consumidores, para sujeitos pensantes e agora estamos ingressando na era da cultura participativa, trazida pela revolução tecnológica que estamos vivenciando. E é nesse novo momento que surgem os prosumers.
Prosumer é um neologismo que nasce da fusão das palavras producer e consumer. No Brasil, alguns chamam também de prosumidor (produtor + consumidor). Como diz Joan Ferrés em um de seus artigos sobre Educomunicação e Cultura Participativa, o novo termo é a máxima expressão da mudança de paradigma trazida pelo advento da internet.
O termo prosumer que é atribuído ao teórico da comunicação Alvin Toffler, já é usado há mais de duas décadas para definir o novo protagonista da comunicação. A explicação dada pelo próprio Toffler, é que prosumers, são pessoas que consomem o que elas mesmas produzem, ou que “forçam” as empresas a produzir em função da sua mudança de comportamento. Trazendo isso para o concreto, prosumers são produtores de blogs, podcasts, vídeos no YouTube. Quando digo que “forçam” as empresas a produzir, uso o exemplo do jornalismo impresso que migrou para o digital. No início, os textos do impresso eram lançados na web sem nenhum ajuste. Depois de um tempo, o leitor mostrou que era preciso fazer adaptações de acordo com a plataforma e as empresas jornalísticas tiveram que correr atrás. Aproveitando o mesmo exemplo dos jornais, também foram os consumidores que exigiram que as empresas produzissem conteúdos para os dispositivos móveis, principalmente para celular.
É…A revolução tecnológica, a circulação de informações cada vez mais ágil e o terreno fértil para uma cultura mais participativa mudou velhas regras do jogo da comunicação e continuará promovendo mudanças. Diante disso temos dois caminhos: continuar na zona de conforto do “mero consumidor” ou desbravar o novo mundo da cultura participativa e dos prosumers. Qual será a sua escolha?
*Ana Gabriela Simões Borges é Superintendente do Instituto GRPCOM, doutoranda em Educação e Tecnologias e Prosumer. A profissional colabora voluntariamente com o Blog Educação e Mídia.
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