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Monstros que assombram a educação

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Dados estarrecedores têm sido divulgados a todo momento:

São eles! Os velhos monstros que sempre assombraram a educação estão mais presentes do que nunca nesse período pandêmico. São muitos e chegam realmente a causar arrepios e gerar um medo sem tamanho. Mas aqui quero enfatizar quatro deles, muito perigosos e assustadores: a evasão escolar, a alfabetização precária, a falta de infraestrutura e a formação insuficiente dos professores.

A evasão escolar – O Brasil foi um dos países que ficou com as escolas fechadas por mais tempo, desde o início da pandemia; algumas escolas permanecem sem aulas até hoje. A falta de rotina, de acesso à internet, e a dificuldades de aprendizagem (devido ao modelo remoto que não foi real para todos) são alguns dos motivos que levaram mais de 5 milhões de estudantes a se desvincularem das escolas, segundo dados de pesquisa do Unicef, relativos à 2020. Não mensuramos ainda 2021, mas os dados podem e tendem a ser ainda piores. Certamente levaremos anos para amenizar esses prejuízos.

Alfabetização – Antes da pandemia os números da alfabetização no Brasil já eram ruins, apesar de um pequeno avanço nas últimas duas décadas. Não dá para se orgulhar de ter, em todo o país, apenas 12% de leitores proficientes (Inaf/2018) e capazes de interpretar gráficos, tabelas e outros elementos. Nosso sistema alfabético é bastante complexo, requer consciência fonológica, conhecimento de sons, letras, sílabas, fonemas, grafemas e muita prática. Certamente as crianças afastadas da escola, até mesmo aquelas que recebem um bom suporte familiar para os estudos em casa, tiveram prejuízos nesse processo. Saberemos, nos próximos anos, qual foi o tamanho desse prejuízo.

Falta de Infraestrutura – A pandemia mais do que escancarou a precariedade da infraestrutura das escolas. Desde sempre acompanhamos a situação de escolas sem biblioteca, sem uma quadra decente para práticas esportivas e até sem banheiros. Internet nessas escolas era como caviar: nunca se viu, só se ouviu falar. Equipamentos e dispositivos móveis em condições de uso para os estudantes e professores, só mesmo nos sonhos. E aí, nessa história de ensino remoto, que para uma boa parte da população foi apenas uma ilusão, muitos ficaram ainda mais excluídos do processo de aprendizagem.

Formação continuada insuficiente – Apenas 33% dos professores (Cetic 2020) participaram de formação continuada para o uso de tecnologias e mídias digitais. Os outros 67%? Tiveram que “correr atrás”. Sem formação, sem equipamentos e muitas vezes sem condições, fizeram o possível para garantir que o processo de ensino-aprendizagem não parasse com a pandemia. Frustrados e emocionalmente abalados com todo o contexto e as mudanças repentinas na sua forma de atuação, muitos professores ainda têm que enfrentar o fato de que um ou dois estudantes abrem suas câmeras durante as aulas, e que muitos sequer estão presentes. E agora, quando algumas escolas começam a retornar ao modelo presencial, segue o desafio de “vencer o conteúdo”, de equiparar minimamente os níveis de aprendizagem de suas turmas, de driblar os obstáculos para cumprir sua missão. Por esses e outros motivos, eles, os professores, merecem todo o apoio que pudermos dar.

Mas não basta constatar o caos, cruzar os braços e permitir que esses monstros continuem nos assombrando. Há muito trabalho a ser feito! E o melhor é que conhecemos os nossos adversários há um boooom tempo. Existem inúmeras estratégias para combater esses monstros, e ainda podemos criar novas, sempre. O medo não deve nos paralisar ou nos abater, mas servir como combustível para a batalha. Enquanto formos profissionais da educação ou cidadãos preocupados com o futuro do país, nunca nos será permitido desistir, entregar os pontos.

Nos acompanhe por aqui. No próximo bate-papo prometo selecionar algumas “armas” e estratégias que te deixarão prontos para esse combate!

*Ana Gabriela Simões Borges é Superintendente do Instituto GRPCOM, doutora em Educação e Tecnologias e Prosumer. A profissional colabora voluntariamente com o Blog Educação e Mídia.

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