O acesso ao conhecimento e a constituição interna da criança não acontecem de forma direta, mas sempre se dão nas relações sociais, de forma mediada, num processo contínuo e interdependente de individuação e sociabilização. A sociabilidade pode ser entendida como a capacidade de relacionar-se coletivamente; não se dá de forma espontânea ou instintiva, e está diretamente vinculada às oportunidades vividas. Nesse sentido, o esporte aparece como potente instrumento educativo.
Para que a sociabilização aconteça dentro do esporte, a metodologia usada pelo professor é determinante. É necessário que as regras sejam compreendidas pelos alunos em um contexto de discussão mediada pelo professor. Isto é tão importante quanto a própria prática do esporte. As regras não podem ser entendidas como imposição circunstancial. Elas precisam fazer sentido para o desenvolvimento da prática esportiva do mesmo modo como precisam fazer sentido as regras para viver em sociedade.
Professores capacitados precisam ter a sensibilidade e o conhecimento para conduzir seus grupos de alunos ao entendimento de que cada um é igualmente parte fundamental de um todo, sem perder de vista que “o todo é maior que a soma das partes”.
O esporte é uma poderosa ferramenta que oportuniza e impulsiona o desenvolvimento de competências, oferece condições para o estabelecimento de relacionamentos sadios com o outro, e ajuda a mantê-los e fortalecê-los. É comum as famílias buscarem algum esporte que possa ajudar no desenvolvimento dos seus filhos e a fazer amigos. Normalmente a pergunta é: “Qual é o melhor esporte para o meu filho? ” A resposta não é tão simples, porque a atividade esportiva vai muito além de “mexer” o corpo ou competir. Acreditar que o esporte por si só promoverá um milagre e a criança, antes tímida ou insegura, começará a ter amigos, é uma visão incompleta e até inocente dos processos pelos quais as crianças aprendem a fazer parte de um grupo de prática esportiva. O que transforma, forma e educa não é o esporte em si, mas a metodologia do trabalho que embasa o seu desenvolvimento.
O esporte não se limita à competição e ao resultado da disputa. Muitos professores trabalham o esporte visando sobretudo o resultado do placar, seja um simples coletivo ou uma competição de maior importância. E onde está o aluno quando se olha apenas para os números finais? Onde está o processo educativo individual e coletivo dos alunos do grupo? Será possível que o prazer da prática do esporte só será sentido se ganhar a competição? Nesta ótica, o esporte fica entre o riso da vitória e o choro da derrota!
A criança precisa ser acolhida pelos professores antes mesmo de ser vista como mais um aluno ou atleta inscrito em modalidade esportiva. Ela deve ser compreendida como alguém que sente, deseja, se frustra e aprende com todas as situações que o esporte oferece. É assim que fortalecerão suas estruturas internas a fim de lidarem de forma equilibrada, tanto com a vitória quanto com a derrota.
O esporte tem uma importante posição na economia do País. Porém, mais importante, é a sua contribuição na Educação, na cultura e na formação do caráter das pessoas. Ele é um importante instrumento educativo na combinação de trabalho individual e grupal, na assimilação e cumprimento de regras, na constituição de valores.
*José Humberto Assunção Filho (professor Bebeto) é formado em Educação Física pela PUC – Goiás, professor de escola particular e coordenador do Núcleo de Atividades Extracurriculares do Colégio Marista de Goiânia, do Grupo Marista. O Grupo Marista, colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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