Ao longo dos meus 30 anos de experiência, escuto uma reclamação recorrente de todos os meus colegas gestores: “falta de tempo”. É uma realidade, a forma como o gestor utiliza seu tempo, seja para ações diárias da escola, quanto para fins de planejamento, faz toda a diferença nos seus resultados.
Uma recente pesquisa realizada com gestores escolares revelou os seguintes dados: mais de 40% do tempo dos gestores pesquisados é utilizado com tarefas operacionais, cerca de 30% é gasto com a resolução de conflitos, e, o planejamento, aparece em último lugar, com menos de 10% do tempo gasto na rotina de trabalho do gestor escolar.
Assim, entendemos que planejar o tempo é um dos grandes desafios e uma das tarefas mais importantes para o gestor escolar, afinal, como sair da função de “apagar incêndio”, comum na rotina de trabalho do gestor e passar a pensar na escola, a fazer diferente, gerenciando as dificuldades do dia a dia e exercendo um olhar externo sobre estes aspectos?
Não é uma tarefa fácil, mas também, não é um bicho de sete cabeças, e, se bem executadas, estas estratégias vão trazer resultados efetivos, tirarão você da função de gestor “bombeiro” e te colocarão como gestor escolar. Por isso, trouxe três ações que são infalíveis:
Foco na realidade além dos muros da escola
Ao longo da minha trajetória, posso lhes afirmar que trabalhar como gestor numa instituição de ensino é muito delicado, não só pelo fato de gerenciar ações e relações com sua equipe, alunos, pais e a comunidade, mas também por tratar de algo tão sensível como a formação de seres humanos. Portanto, ter um olhar externo, de fora para dentro da instituição é um ponto fundamental para poder planejar algo para o futuro e enxergar soluções. Se o gestor não tirar o foco das questões rotineiras e pensar em uma maneira sistemática de resolvê-los, certamente ficará preso por ali. Portanto, dedique uma parcela do seu tempo para observar sua realidade, seus recursos e qual é o contexto social em que sua escola está inserida, o que a comunidade e as famílias estão demandando da escola. Desta forma, seu tempo começa a ser empregado no que realmente importa.
Aprenda a lidar com conflitos sem sofrer
Já é sabido que intermediar conflitos e encerrá-los da forma correta é crucial, mas, muitos desses conflitos que surgem espontaneamente são questão inerentes ao seu cotidiano e podem ser resolvidos por pessoas competentes da sua equipe. Tenha alguém capacitado e de sua confiança que saiba resolver os conflitos mais comuns dentro da escola, isso lhe ajudará a ganhar mais tempo e queimar alguns neurônios a menos. Caso contrário, vai vestir a farda do gestor “bombeiro” e ficar apagando incêndios todos os dias. Situações mais delicadas e que envolvem alguma decisão séria precisarão da sua atenção, mas muitas situações rotineiras podem ser resolvidas por alguém competente, liberando mais tempo para você aplicar onde importa.
Delegue, delegue e delegue
Para que o gestor consiga delegar ações rotineiras, é fundamental investir na organização dos principais processos da escola. Como já citamos, ter alguém que administre os conflitos mais recorrentes, também é fundamental perceber como anda a comunicação interna e aperfeiçoar este processo. Capacite, delegue e confie à equipe a execução de outras atividades que também são frequentes. Elimine essas ações volumosas do seu quadro operacional, apenas gerencie, tome conhecimento do que a sua equipe executa.
Se você conseguir de fato implementar estas três estratégias de planejamento de tempo, perceberá que terá, de forma não milagrosa, tempo para se dedicar a conflitos e problemas mais sérios, em ações que podem promover o crescimento da escola, para transformar e inovar de verdade a instituição, utilizando ações concretas e pensadas com antecedência, de forma controlada.
* Texto escrito por Josemary Morastoni, pedagoga, especialista em formação de professores e Coaching Educacional, mestre e doutoranda em Educação e com mais de 30 anos de experiência como gestora escolar em instituições da Educação Básica e do Ensino Superior, tanto da rede pública, quanto da rede privada de ensino. A profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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