A evolução industrial atual, conhecida como Indústria 4.0, envolve a integração do mundo digital com o mundo da manufatura, no qual equipamentos e produtos comunicam-se entre si por meio de uma rede digital no ambiente industrial. Nesse escopo, o processo de automação se torna totalmente integrado, fazendo com que a produção fique mais personalizada e flexível. Produtos e sistemas passam a se comunicar de forma inteligente, conectando o que é real com o que é virtual, colaborando com o aumento da qualidade e eficiência. Fornecedores e consumidores agem ambos como protagonistas, conferindo alto valor agregado e flexibilidade ao processo.
Esse contexto evolutivo de trabalho demanda novas orientações estratégicas e práticas voltadas à formação de profissionais. Um processo produtivo integralmente conectado, personalizado e maleável requer o desenvolvimento de competências voltadas às habilidades do Século 21 para a indústria e a conexão com o mundo digital. A educação passa a ser habilitador-chave para o desenvolvimento dessas competências e para oportunizar a flexibilidade laboral e a evolução da força de trabalho. As habilidades técnicas e metodológicas neste desenvolvimento devem envolver a construção de autonomia, responsabilidade, criatividade, informatização, resolução de problemas, trabalho com a informação, lideranças e trabalho em equipe, exigindo o despertar da resiliência e do trabalho em rede.
De acordo com relatório da CNI publicado em 2013, atualmente, 65% das empresas consideram a falta de formação uma barreira para o trabalho na indústria, que está exigindo não somente as habilidades técnicas, mas as também conhecidas como soft skills (competências sociais e comportamentais), justamente por estar nesse processo evolutivo 4.0. Essa construção, que está atrelada não somente ao novo contexto profissional, mas também ao contexto social, pode começar na primeira infância, quando o aluno já pode ser estimulado ao desenvolvimento do pensamento crítico, da criatividade e do trabalho em rede.
Ao longo da trajetória escolar do aluno, o estímulo à resolução de problemas se torna elemento chave, desenvolvendo autonomia, responsabilidade e flexibilidade, permitindo melhor manuseio da informação. O aumento da maturidade cerebral e emocional abre espaço para o aperfeiçoamento do trabalho com a informação, aumentando a conexão consciente e responsável com o mundo digital e a possibilidade de desenvolvimento da competência técnica.
O trabalho em equipe e informatizado no ensino médio, com soluções digitais como o trabalho com a robótica, por exemplo, em que o aluno entra em contato com o ambiente de programação de robôs, contribui significativamente para o desenvolvimento desse perfil profissional. Para isso, não é preciso grande investimento de recursos. As habilidades de programação e codificação podem ser trabalhadas em ambientes makers que utilizam materiais diversos.
Para a competência técnica, a Educação Profissional se configura como forte aliado, mas não mais apenas por meio da repetição de processos, e sim por meio da resolução de problemas reais da indústria. A constante provocação pela inovação resulta no aperfeiçoamento técnico e na capacidade de lidar com situações reais do dia a dia.
O perfil profissional para a indústria está mudando, e a educação básica, profissional e superior são parte fundamental para o trabalho consciente, responsável e conectado.
*Artigo escrito por Giovana Chimentão Punhagui, pedagoga e mestre em Educação pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), com formação complementar em ensino de língua inglesa pela University of Cambridge. Gerente Executiva de Educação do Sistema Fiep.
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