Nascer é entrar em um mundo onde se está obrigado a aprender. As pessoas só podem se tornar aquilo que são entrando neste mundo, e, portanto, aprendendo. Porém, muitas vezes acreditamos que os processos que geram conhecimento são dolorosos, difíceis, chatos… E são mesmo! Deve ser chato, além de doloroso, para um bebê cair toda vez que quer andar para algum lugar. Eu, que sou um tagarela de natureza, penso na angústia que deve ser querer dizer tanta coisa e não poder fazer nada além de balbuciar. Da mesma forma não é simples aprender os conteúdos escolares, aprender uma profissão, aprender a viver.
E não são raras as vezes em que alguém se pergunta “para que estou aprendendo isso?”. Além da motivação da aprendizagem, ainda temos os surtos de falta de paciência, e pensamos “será que vai demorar muito para saber disso tudo?”. Esse processo de construção do conhecimento tem sua motivação em diversos pontos: se aprende para viver; para se relacionar – consigo, com o outro e com o conhecimento; para contribuir e agregar valor em sua comunidade – seja de trabalho, estudo, família, e para sustentar a vida que se conquistou.
Existem algumas histórias famosas que vou apresentar rapidamente abaixo, para contribuir nesta reflexão. O pintor francês, August Renoir, certa vez foi questionado por um jovem que queria aprender a desenhar: “quanto tempo leva para fazer um desenho como esse?”. O pintor, com sua aprendizagem construída em todos os anos de vida, respondeu: “esse desenho eu fiz em 5 minutos, mas demorei 60 anos para consegui-lo”. Isso já revela uma forte motivação para aprender sempre.
A sabedoria popular nos aponta uma história que ajuda a refletir sobre estes “60 anos para conseguir”. Certa vez, as máquinas de uma fábrica que funcionava noite e dia pararam de súbito. Não havia qualquer engenheiro de manutenção que descobrisse onde estava o problema. E assim foram semanas sem trabalho, até que foi chamado um mecânico com mais de 50 anos de profissão que andou pela fábrica em silêncio e, quando parou, tirou um martelo velho de dentro de sua bolsa preta de couro e deu uma martelada em uma das máquinas. Em instantes tudo voltou a funcionar. Quando o gerente da fábrica perguntou o preço do serviço, o mecânico revelou: “R$ 5.000!”. Espantado pelo alto preço o gerente pediu que fosse feita uma nota fiscal com o detalhamento do serviço, e assim o mecânico fez: “dar uma martelada, R$10; saber onde dar a martelada= R$ 4990”.
Quando pensamos em “preço do conhecimento”, estamos falando de dois caminhos, aquilo que investimos para conquistá-lo, como tempo, dinheiro, esforço, e aquilo que ele significa quando colocado em prática agregando valor e contribuindo para a comunidade. E você, já sabe onde dar a martelada?
Everton Renaud é filósofo, pós-graduando em Organização do Trabalho Pedagógico na UFPR e gestor de projetos educacionais que atuam com mídia e educação no Instituto GRPCOM.
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