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Recentemente, o caso conhecido como “a história da mulher do avião” viralizou nas redes sociais. Tudo começou com um vídeo de uma situação durante um voo: uma mulher acusava uma passageira de falta de empatia por não trocar de lugar com uma criança chorando. A legenda reforçava a crítica: "E minha mãe que encontrou uma pessoa sem empatia com criança?"
O vídeo rapidamente acumulou milhares de comentários. Uns atacavam a passageira, outros culpavam a mãe da criança ou até a própria criança. No mundo digital, onde a velocidade supera a verdade, a polarização e os comentários repletos de julgamento e até mesmo de violência contra todas as partes cresciam a cada minuto.
Eis que, em meio a toda essa polêmica, a imprensa profissional exerce o seu papel e investiga o caso com a responsabilidade que a situação exigia, ou seja, com jornalistas ouvindo todos os lados da história e averiguando as informações antes de torná-las públicas.
Descobriu-se que a mãe da criança, que vinha sofrendo vários ataques nas redes sociais, nem sequer havia solicitado a troca de assento ou gravado o vídeo. Quem filmou foi uma terceira pessoa que julgou a situação sem pleno conhecimento dos fatos. Todos os envolvidos relataram sofrimento e arrependimento.
Mas o que podemos aprender com isso?
Em uma realidade onde "ser o primeiro” é mais importante do que “ser verdadeiro”, estamos vulneráveis e podemos sofrer e cometer grandes injustiças. Essa história tem muito a nos ensinar.
Errou quem gravou e publicou, mas também errou quem replicou, comentou e compartilhou. Erraram todos os portais que “noticiaram” a situação sem pleno conhecimento e todos os influenciadores que, na pressa de aproveitar o assunto, produziram centenas de conteúdos criticando um lado ou outro e alimentando a polarização. É por isso que precisamos falar mais sobre cidadania digital e o papel do jornalismo tradicional.
A cidadania digital envolve habilidades e comportamentos éticos e seguros no ambiente online. Respeitar a privacidade, ser responsável pelo que compartilhamos e evitar conteúdos violentos ou falsos são princípios fundamentais.
Além disso, situações como essa nos mostram a relevância da imprensa tradicional. Somente jornalistas sérios e capacitados para exercer sua função, em veículos comprometidos, são capazes de nos ajudar a conhecer o todo e ter acesso aos vários lados de uma história. Esse aspecto é fundamental para uma sociedade democrática.
Por fim, se tivesse que resumir o aprendizado de toda essa situação em apenas uma frase, seria algo muito parecido com o que Antoine de Saint-Exupéry escreveu: Se estás online, tu te tornas eternamente responsável por aquilo que compartilhas.