(Foto: Hedeson Alves Gazeta do Povo)| Foto:
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Com a Copa do Mundo chegando, os noticiários são cada vez mais tomados pelo tema. É uma prática cultural e histórica que, em especial no Brasil, invade as salas de aula. Mas, será que dá para aprender algo com tudo isso? Se considerarmos que aprender e ensinar estão fortemente relacionados ao exercício de pensar, podemos, sim, inovar nas aulas. Existem vários caminhos possíveis. Alguns percorrem o da abordagem cultural, outros, do patriotismo. Mas aqui vamos seguir o princípio da formação de leitores – ou torcedores – mais críticos.

Diante das diferentes notícias disponíveis, as abordagens são variadas. Mas três aspectos podem ganhar mais atenção dentro da escola: econômico, político-social e histórico-cultural. Afinal, uma Copa do Mundo é bem mais do que um simples evento esportivo.

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Do ponto de vista econômico, o evento movimenta bilhões. Os números são até difíceis de contabilizar de uma só vez. São investimentos públicos para infraestrutura, mobilidade urbana e outros setores. As empresas investem forte no setor. Muitos empregos de temporada são criados. O turismo fica aquecido, o comércio se prepara com grande expectativa e nos vemos submersos numa atmosfera totalmente verde e amarela empacotada em notas de cem. Mas quem paga a conta? E quem fica com o lucro? Estas duas simples perguntas podem desencadear grandes debates na escola.

A partir da visão político-social, é possível investigar as relações sociais estabelecidas durante a competição. As questões morais e éticas podem ser fortemente discutidas com os alunos, pois a competição envolve regras de jogo dentro de campo, e de convivência fora das linhas do gramado. Além disso, é importante abordar o que é e como funciona a diplomacia entre os países e como ela interfere nas decisões relativas ao mundial. Diz-se que o mundo todo está de olho na bola que rola dentro campo. Mas será que todos estão de olho na mesma bola?

Por fim, a abordagem histórico-cultural permite trabalhar a influência do futebol na formação da identidade do povo brasileiro. É essencial olhar para a história das competições e colocá-la frente ao contexto de cada período. Qual era o contexto vivido aqui, no “país do futebol”, quando recebeu uma copa há 64 anos? E qual é cenário de hoje? O torcedor brasileiro de 1950 é o mesmo patriota de hoje?

Dentro da escola e diante da variedade de possibilidades, é você professor que vai escolher o caminho a seguir. Aproveite a oportunidade. No país do futebol, quando a informação é debatida na escola, é o aluno que sai campeão.

Everton Renaud é filósofo e mestrando em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente é gestor de projetos educacionais que atuam com mídia e educação no Instituto GRPCOM.

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