Educação sócio emocional, Base Nacional Comum Curricular e Movimento Maker. Se fossemos resumir o encontro da maior feira e congresso de educação do Brasil, a Bett Educar 2018, seriam esses três temas os mais debatidos e expostos nos auditórios, stands e corredores do evento.
Desses, sem dúvida a Base Nacional Comum Curricular – BNCC – aprovada recentemente, foi o alicerce de todas as discussões. Por um lado ficamos aliviados de que isto esteja finalmente acontecendo na prática, por outro fica aquela sensação constante de que demoramos muito. Estamos atrasados, sim, se comparados a vários países, porém antes tarde do que nunca. Afinal só a partir dessa nova base nacional curricular é que vislumbramos alguma mudança para a educação brasileira, mesmo sabendo que para a maioria nas escolas públicas esse processo será mais lento e penoso, e isso é o mais preocupante. Mas está aí, que a BNCC seja absorvida, discutida e adaptada às várias realidades do país.
E finalmente a feira se tornou um grande espaço Maker. Muitos stands com propostas encantadoras para vender serviços e produtos e transformar escolas em espaços com tecnologia para criar laboratórios makers. Porém nesse quesito é preciso também muita cautela e saber separar as propostas sérias e práticas, daquelas que seguem a onda e só querem surfar nela. Esse conceito maker, ou seja, espaços onde alunos possam criar e aprender fazendo, pode ser aplicado de diferentes formas dentro de uma instituição e não apenas com tecnologia e altos investimentos. Ser maker é apenas uma palavra bonita para dizer simplesmente que temos capacidade de realizar e fazer, afinal nascemos pensantes, criativos e realizadores. Portanto restringir “Espaços Makers” a tecnologia, impressora 3D ou equipamentos caros é limitar sua aplicabilidade, onde pouquíssimos terão condição de fazer. Um espaço maker pode ser feito com recicláveis e materiais simples e baratos que podem despertar a essência de sua proposta, o incentivo a criatividade e a prototipação de ideias para a inovação. Um espaço para imaginar e (des)construir. Quando realizamos o curso de inovação aplicada a executivos na D.School dentro da Universidade de Stanford, uma referência em inovação no mundo, fomos desafiados inúmeras vezes a criar e prototipar ideias a partir de objetos muito simples e baratos como restos de canos, papelão, palitos de sorvete, isopor, pedaços de tecido e tudo que é tipo de cacareco que possa imaginar. E os resultados eram sempre surpreendentes. Ser maker é natural de cada criança e jovem junto com sua capacidade criativa. Portanto cabe as escolas, e porque não as famílias, serem condutores desses talentos para que possam expressá-los das mais diferentes maneiras, com ou sem tecnologia. Sejamos makers na essência e não apenas na forma.
*Artigo escrito por Jean Sigel, especialista em Marketing, Comunicação e Inovação, e co-fundador da Escola de Criatividade. O profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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