Os aplicativos de troca de mensagens, redes sociais que exploram a imagem e vídeos de curta duração são formatos que estão tomando o espaço da comunicação, inclusive para a difusão de informação, discursos, formação de conceitos e ideias. Tomando é a expressão mais apropriada. Como foi possível identificar nas duas últimas eleições do país, as redes sociais se tornaram importantes fontes de informação – e de desinformação – para diferentes grupos e faixas etárias.
Sendo assim, a escola, que acaba se tornando o local de encontro do senso comum e do conhecimento, tem (ou deveria ter) uma função importante para auxiliar na interpretação do mundo. A produção e interpretação de discursos de diferentes origens deve ter bases sólidas, construídas no ambiente escolar; do contrário, nos perdemos no labirinto da desinformação. O aluno deve exercitar o senso crítico na escola para poder usá-lo fora dela. A avaliação pode ser um excelente instrumento para explorar diferentes linguagens.
A partir da minha prática docente e observando meus colegas de profissão, percebo tentativas muito frutíferas na forma de avaliar o conhecimento elaborado pelos discentes, seja na forma de quiz, da produção de um vídeo de divulgação dos resultados (seja uma propaganda, uma minidocumentário, uma reportagem...), elaborar um e-book, um podcast... A criatividade é o limite, tanto na proposta do docente quanto no resultado dos discentes.
Como professor de história, por vezes preciso testar a capacidade de meus alunos de demonstrarem de forma concisa o domínio ou o entendimento de um determinado conceito, contexto ou evento histórico. Produzir um panfleto sobre o Luteranismo ou sobre o Calvinismo, por exemplo, com as devidas informações e imagens relacionadas, ou ainda sobre representantes do movimento abolicionista no Brasil Império, é um tipo de produção que se torna uma estratégia para trazer para a sala o fruto de uma pesquisa, atrativo tanto para quem produz quanto para os colegas. A linguagem utilizada aqui é a da propaganda, simples, direta e objetiva, para despertar o interesse do interlocutor sobre o assunto.
Pensando na sala de aula, na disciplina de história o bicentenário da independência se tornou oportuno pensar a trajetória histórica do país no ano passado. Para tanto, elaboramos em equipes a experiência de pensar o Brasil em três momentos: 1822, 1922 e 2022, o que mudou e que coisas se mantiveram. A forma de divulgar os resultados escolhida foi a produção de jornais (um jornal para cada uma das épocas). Não cabia a equipe somente fazer uma pesquisa, mas pensar na linguagem jornalística para expor o que foi pesquisado, buscar uma imagem condizente com o tema, uma manchete que chamasse a atenção para o tema, além de reproduzir os fatos na forma de reportagem (trabalho em conjunto com a disciplina de Língua Portuguesa e Produção Textual).
Essa é uma proposta simples, mas que mobiliza diferentes disciplinas, diferentes saberes, capacitando os participantes com ferramentas que podem ajudar na compreensão do mundo em que estão inseridos, sobretudo ao propor a utilização de uma linguagem pouco familiar para os jovens, mas essencial para que compreendam a realidade em que vivem.
A avaliação, qualquer que seja, deve ser pensada e planejada para não ser uma mera reprodução. É importante que a avaliação seja uma reelaboração dos discentes, que provoque uma reflexão, pois num mundo tão cheio de estímulos é fácil incorrer na mesmice enfadonha.
Marcos Sokulski é professor de História do Sistema Fiep e colabora voluntariamente para o Blog Educação e Mídia.
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