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“Cara professora, há alguns meses, uma situação de minha vivência como professora de escola pública me permitiu lembrar um famoso ditado: ‘faça o que eu digo, não faça o que eu faço’. Na situação vivida o ditado é: ‘faça o que eu mando, não faça o que eu faço’.

Você deve estar se perguntando: o que esse dizer tem de relação com o tablet na escola? Digo a vocês que tem relação direta com o acesso a eles. Pois é! O fato é que ao ensinar aos estudantes ao longo dos últimos três anos sobre a Gestão Democrática e seus princípios (descentralização, participação e transparência nas tomadas de decisão dos processos escolares, sejam eles relacionados às tecnologias ou não), vivi um conflito como profissional professora.

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Ao incentivar os estudantes a buscar a participação, terem suas vozes ouvidas e lutarem pela efetivação dos princípios da gestão democrática garantidos na Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases e no Plano Nacional de Educação percebi que estava ao mesmo tempo me incentivando a não desistir.  A não desistir de perguntar! E a ter espaço para minha voz!

O fato é que recebi um tablet educacional em 2013, você já deve ter visto um. Sabe aqueles amarelinhos encaminhados pelo Ministério da Educação? Então, naquele solene ato de recebimento foram tiradas fotos, nós professores comemoramos, muitos até postaram o momento em suas redes sociais. No entanto, para nossa surpresa, após assinarmos termos de responsabilidade nos informaram que os tablets estavam bloqueados e que por enquanto não poderíamos utilizá-los.

Ao questionar a equipe técnica sobre o motivo da não liberação tive, dentre muitas respostas, as seguintes: não poderão utilizar até serem registrados na instituição; temos falta de funcionários para o referido trabalho; não temos a senha do órgão responsável e, todos devem esperar…

O mais interessante nessa situação é que o tablet já vem do MEC com o seu código de registro. Depois de inúmeras tentativas presenciais e por email continuo perguntando aos responsáveis: e os tablets?  Como se nunca houvesse perguntado.

Por isso, penso que posso continuar questionando o ‘faça o que eu mando, não faça o que eu faço’ e, de certa forma, mudar o ditado para: ‘façamos o que escolhemos fazer e não o que poucos mandam fazer’. Afinal, o dinheiro investido nessa tecnologia oriunda dos seus, dos meus e dos nossos impostos é ganho com muito custo para mantermos os tablets engavetados na escola.

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Por isso, repito: o que eu faço professora?”.

>> Escrito por Michele Simoniam e Glaucia da Silva Brito. Michele é pedagoga, professora de educação básica técnica e tecnológica do IFPR, mestre em Educação e doutoranda em Educação. Glaucia é professora do Departamento de Comunicação Social e dos Programas de pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) e Educação (PPGE) da UFPR, pesquisadora em Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação.

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