Mais do que uma ferramenta de ensino, a tarefa de casa atua no desenvolvimento da responsabilidade da criança e cria o hábito do estudo. Isso porque, ao realizar a tarefa, o aluno se depara com diversos exercícios, leitura de textos, resumos, sínteses, opiniões embasadas no que foi aprendido sobre os mais variados conteúdos. Neste momento, sem a presença do professor, ele deverá usar todos os seus esquemas mentais já construídos e os que ainda estão em construção para avançar no conhecimento e quando a dúvida surge é importante que ele procure caminhos para resolvê-la.
A ideia é que a tarefa seja incentivada e valorizada desde cedo. É um compromisso do aluno com a escola e com os estudos e deve ser encarada como tal, uma ferramenta para o desenvolvimento da autonomia da criança e deve fazer parte de outras responsabilidades no dia a dia em casa. Os alunos que têm responsabilidades em casa enxergam a lição como mais uma tarefa da vida o que facilita a relação com essa atividade.
O papel da família
Para que não haja perda neste processo, é bom lembrar que a lição de casa deve ser para o aluno e não para os pais: assim, ela deve ser uma atividade que o aluno seja capaz de desenvolver e não algo que os pais façam por ele. Os pais já ajudam se orientarem o/a filho/a reservar um horário para fazer diariamente leitura e a lição, num espaço adequado, longe dos apelos, como TV, celular, jogos virtuais, música etc. Assim a criança terá uma organização e uma tranquilidade interior para poder realizar a lição.
Nos anos iniciais, muitas vezes a criança precisa da presença atenta dos familiares, mesmo que seja para auxiliar a organização do pensamento e do tempo dedicado. Num mundo de tantos estímulos, é importante que o adulto direcione este momento e esteja presente para auxiliar no desenvolvimento da segurança. Mas, aos poucos, a criança vai internalizando estas condições (segurança, confiança, autonomia) e é necessário afastamento.
Vale ressaltar que os pais nunca devem oferecer prêmios ou castigos em troca da lição, mas sim conversar sobre o valor do trabalho em si. A parceria com a escola é sempre necessária, principalmente no cumprimento das responsabilidades do aluno e na resolução das dúvidas. Valorizar o estudo também é fundamental para promover o ambiente necessário para desenvolver a responsabilidade da tarefa. De um modo geral, a família colabora oportunizando o tempo necessário e incentivando a criança a superar resistências.
Lição de casa na ótica montessoriana do Sion
A metodologia montessoriana prevê a aprendizagem por meio da interiorização dos conteúdos, construção de novos esquemas cognitivos, resolução de problemas, desenvolvimento de juízo crítico, entre outros.
A tarefa no Sion é enviada a partir do 2º ano do Ensino Fundamental, momento que os alunos já são capazes de desenvolver sozinhos. Cada lição é curta, com objetivos claros e articulados ao conteúdo visto em sala, mas não uma repetição. Ao elaborar a lição, a/o professor/a considera o desenvolvimento e o grau de autonomia que a turma possui, porque o objetivo da lição de casa é que o aluno possa fazê-la sozinho, com independência. É o momento de o aluno ler, refletir, relacionar e reconstruir conhecimentos e fazer descobertas – atitudes de uma pessoa cada vez mais autônoma. No fim de semana, as crianças levam também a Vivência Religiosa, para que tenham a oportunidade de refletir e dialogar com a família sobre espiritualidade e valores.
A partir do Ensino Fundamental 2 ela vem em forma de um Guia de Estudos – O Guia é recebido nas sextas feiras e contempla as tarefas da semana seguinte, o que permite que o aluno faça sua organização pessoal e escolha o melhor horário e dia para cada atividade.
*Artigo escrito por Aura Valente, Luciana Gonçalves, Maria Cristina Montingelli e Rita Ling, equipe de coordenação e supervisão do Colégio Sion. O Sion colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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