A ideia de que temos “professores analógicos” em escolas com “alunos digitais” me parece um pouco simplista. Temos que lembrar que professores cresceram em outros tempos e tiveram, durante sua formação, contato com tecnologias analógicas. Agora dão aulas para alunos que já nascem em contato com tecnologias digitais. O que precisamos rapidamente estruturar são formações continuadas para os professores que aí estão nas escolas, para que possam integrar suas aulas às tecnologias digitais.
Resgato aqui algo que já escrevi no Blog Educação & Mídia da Gazeta do Povo, pois para a estruturação desta formação possamos utilizar as etapas da aprendizagem tecnológica apresentadas por José Manuel Moran no livro A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá, da editora Papirus.
A primeira etapa da aprendizagem diz respeito a usar as tecnologias disponíveis para melhorar as suas aulas, ou seja, utilizar os recursos tecnológicos para: melhor apresentar e expor os conteúdos da sua aula; indicar aos alunos quais recursos utilizar para auxiliar seu processo de pesquisa e realização de tarefas; disponibilizar seus materiais teóricos de diferentes forma, utilizando os recursos da Web 2.0.
A segunda etapa é aquela na qual o professor utiliza as tecnologias para realizar mudanças parciais na sua ação pedagógica em sala de aula: criar novos espaços e atividades que vão além da sala de aula, por exemplo, blog ou comunidade no facebook da disciplina, utilizar o twitter para enviar avisos aos alunos; criar novas formas de avaliação, por exemplo realizar uma produção de vídeo utilizando câmeras fotográficas ou o próprio celular dos alunos, etc.
A terceira etapa é aquela que se fará uso das tecnologias para mudanças inovadoras. Esta etapa não depende só do professor, exige também uma completa reestruturação do ensino nos cursos de Pedagogia e Licenciaturas, principalmente no que diz respeito a flexibilização do currículo dos cursos e a estruturação de espaços com recursos tecnológicos diversos.
O professor poderá utilizar ambientes virtuais de aprendizagem para apoiar o ensino presencial, assim como utilizar os diversos recursos disponíveis na web 2.0 que combinam publicação e interação on-line. Desta forma os alunos podem expressar e tornar ideias visíveis, conferindo assim uma dimensão mais significativa aos seus trabalhos acadêmicos. Isso possibilita ao professor acompanhar em diversos momentos o processo de aprendizagem deste futuro professor. Para isto os professores devem saber o que é e como se estrutura um blog, um videolog, uma wiki, um podcast, etc.
Temos grandes desafios pela frente, no entanto precisamos (re)pensar e estruturar uma formação continuada os para os professores, pois cabe a ele decidir o que usar, quando usar e como usar as tecnologias digitais com seus alunos.
>> Glaucia Brito é professora do Departamento de Comunicação Social e dos Programas de pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) e Educação (PPGE) da UFPR, pesquisadora em Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação.
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