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Outubro é um mês especial para os professores e professoras de todo o País. O dia internacional da profissão é comemorado no dia 05, enquanto no Brasil a homenagem foi instituída no dia 15 durante o governo João Goulart. Ambas as datas chamam a atenção para o trabalho docente, que ainda carece de ser valorizado pela sociedade e pelo poder público. Entre as tantas dificuldades enfrentadas pelos educadores está a transformação digital e seus efeitos em sala de aula, já que muitos não têm formação para tratar do tema.
A disponibilidade da rede 5G promete uma verdadeira revolução no ensino como conhecemos hoje. Uma experiência de aprendizagem contínua, com salas de aulas híbridas, ferramentas interativas e que atendam os interesses dos alunos é esperada com o acesso instantâneo que essa tecnologia pode proporcionar. Além disso, sua chegada facilitará a expansão da internet, que pode ser integrada às atividades de robótica, ampliando ainda mais o aprendizado.
Para que tudo isso aconteça na prática, é essencial um grande investimento em infraestrutura, para equipar as escolas e redes de ensino, dada a tamanha desigualdade que temos no Brasil. Também é preciso que os educadores estejam capacitados para tirarem o melhor proveito diante dessas possibilidades tecnológicas.
Vale lembrar que o ensino a distância não é uma novidade para muitos professores, principalmente para os que se formaram recentemente. Segundo um levantamento feito pelo Todos Pela Educação, a cada dez professores formados no Brasil, seis cursaram a graduação a distância. Dos cerca de 235 mil que concluíram a licenciatura em 2020, 143 mil cursaram essa modalidade. Apesar dos avanços no formato, ainda há queixas de que as formações voltadas para educadores são excessivamente teóricas, descoladas do dia a dia da sala de aula e não abordam as questões inerentes ao ensino remoto.
Mas é fato que, diante dos avanços tecnológicos, o papel do professor hoje caminha para um verdadeiro curador do conhecimento. Se antes tínhamos uma figura central detentora de todo o saber, hoje essa informação está pulverizada em diferentes plataformas e canais de comunicação. Cabe ao educador atual apoiar seus alunos para interrogarem as informações que chegam até eles, desenvolver competências que possam ajudá-los a ter senso crítico e colaborar para que eles estabeleçam uma relação saudável com os meios digitais. Tais tarefas podem ser realizadas utilizando as ferramentas da educação midiática, o conjunto de habilidades para acessar, analisar e participar do ambiente informacional, nos meios impressos e digitais.
O desenvolvimento dessas competências e habilidades não é tarefa fácil. Por isso, os educadores precisam contar com formações continuadas, que acompanhem as transformações do mundo em que vivemos. As tecnologias devem ser utilizadas de maneira que reforcem os processos de ensino e aprendizagem, tornando as aulas mais significativas. Somente dessa forma professores e tecnologia irão andar de mãos dadas, não só de maneira emergencial, mas com planejamento, intenção e propósito.
É nesse sentido que o Instituto Palavra Aberta lançou por meio de seu programa de educação midiática, o EducaMídia, o Guia Prático Para Gestores “Educação Midiática em Rede.” O material é um convite para que redes de ensino construam um trabalho sustentável de instrução para a informação, que pretende mudar a relação das crianças e jovens com o aprendizado. O documento apresenta de forma didática um passo a passo de como sensibilizar, engajar e formar a comunidade escolar para que a educação midiática seja integrada às práticas pedagógicas. Para obter mais informações, gestores escolares, direções e coordenações educacionais podem acessá-lo de forma gratuita em https://educamidia.org.br/gestores.
Elisa Thobias é educomunicadora, analista de comunicação do Instituto Palavra Aberta e colabora voluntariamente para o blog Educação e Mídia.