Temos percebido uma crescente preocupação acerca do papel social da escola e da educação que acontece neste espaço-tempo.
Numa perspectiva de sociedade apassivada pelos grandes meios de comunicação social, seria mais fácil imaginar a escolarização como processo de adaptação ou preparação a um modelo de convivência sem autorias, sem decisões, sem questionamentos…
Usa-se, até, a pretensa possibilidade de neutralidade para o conhecimento científico como ideal a ser buscado por todos os que atuam com as novas gerações, ao longo da Educação Básica.
Contudo, além de todo conhecimento humano ser marcado pelos tempos, culturas, crenças e possibilidades reais, – por exemplo, o geocentrismo baseado nas empíricas observações da humanidade durante a maior parte da história – reconhece-se, explicitamente, este conhecimento como precário, sujeito a revisões, relativo às condições de determinado momento científico, cultural e, inclusive, ideológico.
No que toca tão intimamente a vida das pessoas como as suas crenças religiosas – significados últimos de seu existir, seus valores mais profundos, suas convicções e sentido do viver – lidamos com um cenário ainda mais complexo. Seria mais fácil vincular a escola e sua função pública com uma obrigação de não se tratar ali assuntos relacionados às convicções pessoais e familiares. Aos que advogam uma interpretação restrita à ideia da laicidade da escola, especialmente a escola mantida diretamente pelos órgãos federativos, parece fácil justificar a ausência das discussões sobre religião, sobre as tradições religiosas e o necessário diálogo entre elas.
O discurso de muitos reduz a questão das religiões ao foro íntimo das pessoas, defendendo que as construções culturais que chamamos de tradições religiosas não tivessem nenhum papel na sociedade e na real possibilidade/urgência de vivermos em paz.
Meu posicionamento como educador, tanto na questão geral da falaciosa neutralidade do conhecimento quanto na pretendida ausência das questões religiosas, é claro e transparente: a escola, mantida diretamente pelo Estado ou por outras entidades da sociedade, deve ser espaço-tempo de troca, de diálogo, de construção de conhecimentos, de abertura ao diverso, de discussão, de debate, de ampliação de horizontes. Será sempre, por seus professores, alunos, especialistas em educação, pessoal de apoio, famílias e comunidade do território, instância social apropriada para a discussão, para a respeitosa convivência da diferença, para a desafiadora tarefa de aprender e dialogar com o novo.
*Artigo escrito por Ascânio João Sedrez (Chico), Diretor do Colégio Marista Glória, da Rede de Colégios do Grupo Marista. O Grupo Marista é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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