O título deste post foi inspirado na fala de um gestor em um evento de entrega de netbooks para os professores de uma escola básica, de um estado qualquer deste grande país. Duvido muito que ele saiba o que seja o ciberespaço, ou pior ainda, como se constrói saberes em tempos de internet.
Neste mesmo evento uma professora, com seu computador já confortavelmente guardado numa sacola colorida, enfeitada com apliques de flores me perguntou: “Professora a internet é algo bom ou algo ruim?” Sim o discurso da contrariedade ainda existe em relação à internet, e a este discurso devemos responder que apesar da evidência de que nem tudo que está e acontece na internet possa ser considerado “bom”, ela deve ser entendida como um agente que transforma seus usuários e é transformada por eles.
Quando nos conectamos na internet estamos num espaço denominado de ciberespaço, que se tornou uma extensão da vida como ela é em todas as suas dimensões e sob todas as suas modalidades. O ciberespaço é uma rede social complexa, e não somente tecnológica, pois caracteriza uma nova dimensão espaço-temporal de comunicação e informação, que para alguns se transformou num espaço mágico, no qual se pode estar presente ao mesmo tempo em todos os lugares, ou seja: “estou conectado, estou na cibercultura”.
Este cenário proporcionado pela cibercultura vem colocando em desafio a educação, a cultura escolar, a cultura na e da escola. E estes professores, com os seus netbooks nas sacolas coloridas, estão desafiados a estar no ciberespaço e educar na cibercultura.
Considero ser muito bom que os gestores proporcionem os instrumentos para que o professor se conecte ao ciberespaço e inicie novas maneiras de se relacionar com seus alunos e colegas de profissão, mas para que possam chegar a um verdadeiro processo de construir novos saberes eles terão que ser formados para ficarem atentos a comunicação, a interatividade a cooperação e colaboração no ciberespaço.
>> Glaucia Brito é professora do Departamento de Comunicação Social e dos Programas de pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) e Educação (PPGE) da UFPR, pesquisadora em Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação.
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