A For Inspiration and Recognition of Science and Technology (First) foi criada em 1989 em Manchester, Estados Unidos, para inspirar o interesse de jovens pela ciência e tecnologia. Desde 1998, em parceria com o grupo dinamarquês Lego Education, promove a First Lego League ou FLL, um torneio internacional voltado a estudantes de 9 a 16 anos.
A cada ano equipes de até 10 alunos, guiadas por um mentor, aplicam conceitos de ciências, engenharia, matemática e física, além de muita imaginação e criatividade, para desenvolver soluções para desafios do mundo real de acordo com um tema. Eles também projetam, constroem e programam robôs com a linha Lego Mindstorms, que é voltada para a educação tecnológica, para realizar missões.
Desde 2002 o torneio acontece no Brasil e desde 2013 o Sesi Departamento Regional é o operador do evento no Paraná e Região Sul do Brasil. O tema deste ano foi Animal Allies (aliados dos animais) e provocou os alunos a proporem soluções tecnológicas de cooperação entre homens e animais. A equipe vencedora do evento nesta regional, que aconteceu nos dias 17 e 18 de fevereiro, em Curitiba, criou um aparelho que emite uma frequência sonora audível somente por animais, evitando assim seu atropelamento nas rodovias (de acordo com o Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas – CBEE, cerca de 15 animais silvestres morrem atropelados nas estradas brasileiras a cada segundo, muitos deles ameaçados de extinção). Em março, as sete equipes classificadas no Sul seguem para o torneio nacional em Brasília. Em abril, os campeões de cada país avançam para a etapa mundial do torneio.
O clima nos dois dias de evento em Curitiba foi contagiante. Neste ano, quarenta equipes de São Paulo, Mato Grosso Sul e Paraná (as equipes podem escolher em que estado participar) apresentaram seus projetos e cumpriram os desafios. Mas tão interessante quanto a competição em si e todo o despertar pelo instigante mundo da ciência e tecnologia, é que a FLL propositalmente estimula valores muito importantes, não só para a vida acadêmica e profissional, como para o convívio em sociedade.
Além do projeto de pesquisa e do design e desafio do robô, os core values são levados em consideração na classificação (há um vencedor geral e outro para cada uma dessas categorias). Esses “valores fundamentais” dizem respeito ao trabalho em equipe; ao aprendizado colaborativo; ao espírito de competição amigável; a cooperar com os outros times e a dar mais valor ao que se aprende do que à vitória.
Tudo isso serve para ensinar aos estudantes, seja por meio da pesquisa, engenharia, matemática ou física, que não se faz ciência ou tecnologia sozinho. Trocando conhecimento e informação, vai-se mais longe e as conquistas são ainda melhores. E é claro que aqueles que já praticam esses princípios no dia a dia escolar chegam mais preparados não apenas em um torneio como este, mas ao mercado de trabalho.
O trabalho em equipe firma-se cada vez mais como essencial para o desenvolvimento profissional dos indivíduos, pois está diretamente ligado à capacidade de comunicação, de argumentação e flexibilidade. Por isso é de extrema importância que os pais estejam atentos sobre como esses aspectos são trabalhados nas escolas de seus filhos. O aprendizado ativo, no qual o professor atua como mediador do conhecimento; a interdisciplinaridade; as turmas intersseriadas; a valorização de talentos individuais; o desenvolvimento do pensamento crítico e de habilidades de apresentação; sem falar do incentivo à participação de torneios mostram-se como fundamentais para formar jovens em adultos preparados para o mundo.
*Artigo escrito por Lilian Luitz, Pedagoga/Psicopedagoga/Especialista em Desenvolvimento pessoal e Familiar/Formação em Biologia Cultural/Especialista em Planejamento Estratégico. Gerente de Educação Básica e Continuada do SESI Paraná. O SESI colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.
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