Caro leitor, sabe quando começam a te contar uma história de vida e você já ouviu tantas parecidas que consegue deduzir o final? Escuto muitos professores contarem histórias críticas sobre seus alunos e me sinto muito incomodado porque isso está sendo tão comum que já imagino o triste fim lá no começo da conversa. Quero contar duas dessas histórias, que troquei os nomes, mas que você possivelmente conhecerá uma situação semelhante.
Maria é uma garota de 13 anos, aluna de um colégio estadual localizado em um bairro da periferia de Curitiba. Foi criada pela mãe e não conhece o pai. No ano passado a mãe foi chamada pela diretora, que não sabia como contar que os garotos da escola estavam passando de um celular para outro um vídeo pornográfico com Maria em cenas chocantes. Nesse mês, no oitavo ano, antiga sétima série, Maria engravidou. A avó dela, dona Marta, com quem ela vive não gostou muito, mas parece que vai colaborar na criação da criança.
João tem 12 anos e está no ensino fundamental em outro colégio estadual da região metropolitana de Curitiba. Ele vive em uma casa pequena com outras cinco crianças: dois filhos da sua mãe e de seu desaparecido pai, uma menina da sua mãe com seu padrasto e outras duas meninas, filhas que seu padrasto teve no antigo relacionamento. Dizem que sua mãe é alcoólatra, mas ela não vê dessa forma. No passado o diretor da escola chamou a família, depois de uma briga em que João quebrou uma garrafa na cabeça de um aluno.
Depois de pesquisar a história de vida do garoto o diretor ficou sem dormir por uma semana e precisou procurar um psiquiatra, tamanho foi seu abalo quando soube que o garoto era violentado sexualmente pelo padrasto. Nesse ano João fugiu de casa e da escola. Dizem que foi para uma mal falada vila e está vendendo drogas.
Sinto-me profundamente comovido por crianças como João e Maria e conhecê-las traz um significado ainda mais dolorido para os números alarmantes sobre a infância e adolescência em nosso país.
Além disso, vejo os professores como outro grupo que sofre com os problemas sociais que ecoam diariamente nas salas de aula. Trabalhar nesse contexto é altamente desgastante, o que pode ser evidenciado pelos altos níveis de afastamento e de depressão dos educadores. Para ajudar essas crianças e adolescentes é fundamental olharmos para esses profissionais como mais atenção.
>> Este artigo foi escrito por Luciano Diniz, coordenador da pós-graduação em Educação Integral da Associação Gente de Bem.
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