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Muito se fala sobre os perigos de se permitir que crianças comecem a utilizar smartphones, tablets e outros gadgets cada vez mais cedo. É inegável que essa introdução ao mundo digital deve ser feita com bom senso, moderação e acompanhamento rigoroso dos pais. Mas é igualmente importante que a tecnologia não seja colocada como antagonista no processo de criação dos filhos, principalmente porque o uso da tecnologia como ferramenta pedagógica é uma realidade cada vez mais presente na educação moderna. O mundo de hoje não é mais o mesmo de quando éramos alunos. Quem tem uma criança em casa sabe que ela parece já ter nascido sabendo como usar um dispositivo móvel conectado à internet.  Para eles, usar a tecnologia é quase uma evolução darwiniana. E é exatamente por isso, por terem consciência desde cedo que podem carregar um mundo de conhecimento na palma da mão, que esse novo aluno não vai encontrar sentido nenhum em decorar as razões trigonométricas ou os teoremas da vida.

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Portanto, quando o assunto é educação, já não devemos mais perder tempo discutindo se crianças e jovens devem ou não usar celulares, tablets, softwares, games ou apps nos processos de aprendizagem. A questão principal é observar quais são as estratégias de ensino das escolas para que todos esses recursos sejam inseridos e potencializados com o objetivo de se adquirir conteúdo e conhecimento. Muitas escolas já evoluíram e aprimoraram sua maneira de ensinar para se adaptar ao novos tempos, atendendo à demanda da sociedade e da nova geração de alunos e professores. Mas é importante avaliar de que forma a tecnologia está de fato integrada à proposta pedagógica e a qualidade que a instituição de ensino busca para garantir o aprendizado e os benefícios efetivos. Há muito a se explorar para oferecer o melhor a esses nativos digitais. E para aqueles pais que ainda estranham ouvir os filhos falarem em uso de celular, tablet e games enquanto estão aprendendo, saibam que são essas ferramentas que permitem a eles compartilharem, comentarem, questionarem, criarem e não mais decorarem, fazendo com que estabeleçam uma nova relação com o conhecimento.

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Tantos recursos acabaram empoderando essa geração, que possui uma nova modelagem cerebral. A escola que não oferece aos seus alunos a chance de aprender segundo essa nova realidade, certamente terá cada vez mais dificuldade de engajar e motivar o estudante. Antigamente, bastava o aluno saber o suficiente para tirar uma boa nota e passar para o próximo ano. Hoje, o estudante da era digital quer mais – e não é mais possível, e nem correto, frear esse ímpeto. Privá-lo de ter acesso às novas tecnologias enquanto aprende é inimaginável. As escolas têm o desafio urgente de romper com os modelos tradicionais de ensino e guiar os estudantes nesse caminho. As novas ferramentas devem permitir que o conhecimento esteja nas mãos do aluno onde quer que ele esteja. E que a interação entre estudante, conhecimento e o restante do mundo seja total. Daqui para frente, o mercado de trabalho será, cada vez mais, dominado pela inteligência artificial. Quando analisamos, com uma visão mais ampliada, o que a sociedade e o mercado esperam dos futuros profissionais, vemos que estamos apenas no começo de uma revolução que vai transformar a maneira como nossos filhos e netos vão aprender daqui para a frente. Temos a responsabilidade de ajudar nossas crianças e jovens a se prepararem para esse futuro. E precisamos estabelecer desde já que, para dar conta dessa missão, precisamos de uma nova escola.

 

*Artigo escrito por Celso Hartmann, diretor-geral do Colégio Positivo, instituição associada ao Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR). O SINEPE é parceiro do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia. 

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