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A fama e a glória.

600--condominio041036Um rapaz de pouco mais de 20 anos, garçom, economizou 11 meses e passou horas e horas em uma fila na frente de uma loja de shopping em SP, para ser o primeiro a comprar o novo modelo de celular de uma marca cultuada. Obtido seu êxito, sob o espocar dos flashes ( que, como sabemos, não espocam mais), viveu seu momento de fama. Chegou a dar entrevista, falando das “razões” de sua ação.

Fecha a cena, dorme o dia, embrulha-se o peixe com o jornal no qual a entrevista foi publicada e o jovem rapaz volta ao seu anonimato de balcão e bandeja, esperando o seu telefone caro e sofisticado tocar com mais um pedido de entrevista, quem sabe agora na televisão.

Em vão. A fama, como já dito, dura bem menos que os quinze minutos prometidos. Mas, mesmo assim, parece que há muitos fazendo qualquer negócio por ela. Outro dia, em uma mixórdia televisiva, uma “atriz e modelo”, sob a justificativa de estar fazendo um protesto ( contra o governo, parece), desfez-se de suas roupas ( uma única peça!) e ficou nua diante das câmeras. E depois sentou no sofá e continuou sua peroração para a plateia atenta. Tinha coisas para dizer, parece.

Maquiavel na obra imortal lembrava que o príncipe que conquista o Estado pela violência pode ter o poder, mas não terá a glória.  A glória era o fim dos grandes guerreiros: “Volte com este escudo ou sobre ele”, teria dito a mulher de Leônidas antes da batalha dos poucos espartanos contra os muitos persas.

Na escola, há tempos, eu perguntava aos alunos o que eles desejavam ser profissionalmente. Alguns olhos brilhavam: Médico, engenheiro, advogado, arquiteto, jornalista. E por quê? Porque eu quero ser “alguém” na vida.

Hoje, diante da mesma pergunta: “quero ser rico e famoso”.  E logo!

Nem precisa ser alguém, nem precisa deixar marca nenhuma. Nem precisa causar orgulho e admiração, que é um ver tão fascinante que nos faz parar. Uma notícia de primeiro da fila ( e não primeiro da turma) ou de peladona do programa de TV ( e não dona do programa de TV) já é suficiente. E se paramos para ver, é sempre com um balançar de cabeça. O inacreditável fundo do poço da miséria humana.

O futuro, de fato,  já não é o mesmo de antigamente.

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