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Lembram do filme chamado Monstros S.A ?

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No mundo dos monstros, a energia era garantida graças aos sustos que um time de extraordinários profissionais davam nas pobres e indefesas crianças.

Todos os dias, acompanhados por seus assessores, esses monstros entravam nos armários e arrancavam gritos que carregavam tubos de energia, garantindo assim o funcionamento de seu mundo.

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História legal, com final feliz e sucesso no cinema.

Mas na vida real também há monstros assim. Só que não é um filme para crianças, embora seja um filme com crianças. E os monstros não são, assim, monstros. São como as próprias crianças. Na maior parte das vezes são crianças também.

Alimentam-se do medo e do susto. Sua energia é reposta por um belo choro, por uma humilhação caprichada, por uma vergonha assim, de primeira.

Sim, você já deve ter adivinhado: os monstros do nosso mundo real são os homo parvus. Não são e não podem ser homo sapiens. Precisam ser “outra coisa”. Precisam…

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Às vezes é necessário que pensemos assim para podermos estabelecer um sentido qualquer para a atitude que tomam, e tão frequentemente. Pois ficam sempre atentos para destacar uma característica negativa que envergonhe, uma história exagerada que humilhe, uma ação agressiva que amedronte ou mesmo machuque. E quando olhamos para esses “monstros” vemos que o que fazem os enche de energia, de vitalidade, de satisfação. Não fosse assim, não faria sentido o que fazem.

O homo parvus não se condói. Não tem comiseração. Não sente em si a dor dos

outros. Não se preocupa com o sofrimento alheio. Falta-lhe esse traço que é tão próprio ao homo sapiens. Este ri também, é lógico, e brinca e faz troças e conta piadas. Evidentemente, rir é um dos traços mais marcantes do homo sapiens.

Mas não é costume que se ria quando outro chora e nem fazer o outro chorar para rir. Não é costume gargalhar quando outro é humilhado e pede para parar e não parar porque isso terminaria a graça. Não. Isso não combina com a nossa natureza que é muito complexa e às vezes, até mesmo perigosa. Mas a esse limite do desfazimento do outro não chegamos. Nossa humanidade não permite.

Como eu disse, o filme Monstros S.A termina com um final feliz. Os montros descobrem que os risos geram muito mais_ energia que o choro e que não há o que temer nos humanos e nem há motivos para faze-los temer. Todos terminam amigos, embora diferentes, porque a diferença não é o problema; a não aceitação da diferença é que é.

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O homo parvus parece não estar preparado para isso. Talvez falte-lhe um componente que permita essa transformação.

Talvez seja de uma espécie tão primitiva que ou age como age ou seja extinta. Talvez não deseje essa mudança, já que ninguém o ameaça no seu reinado de humilhações e ferimentos. Talvez esteja ou sinta-se estar no topo da cadeia alimentar.

Quem sabe não falte um “caçador”de  homo parvus, como nos filmes de vampiros? Alguém que coloque o sol na vida deles e os desfaça. Ou atinja o coração deles ou mude a cabeça deles de lugar. Não com violência – como eles fazem – mas com a força da compreensão.

Ah, você diria: eu sei que monstros e vampiros não existem! São muito legais nos filmes mas não são de verdade.

É verdade, eu responderia. E é uma pena, acrescentaria. Até porque, no cinema, parece que sempre há um final feliz. Mas nem todo recreio ou fim de aula acaba do mesmo jeito…

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