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Os antropólogos desenvolveram o conceito, hoje naturalizado, isto é, aceito como verdade objetiva, de cultura como “modo de vida”. Todas as manifestações dos diversos agrupamentos humanos, dos milenares chineses aos punks dos anos 80, constituem “culturas” e, como tais, devem ser conhecidas, apreciadas e, principalmente, respeitadas.

Uma pessoa culta foi, há muito tempo, quem transitava pelo conhecimento refinado de sua época: línguas, artes, música, literatura, ciências. Diferente de uma pessoa erudita, detentora de conhecimentos profundos sobre uma faixa desses conhecimentos gerais que formam a cultura de uma época.

Hoje temos os “especialistas”, sabedores de quase tudo sobre quase nada; poucos eruditos, capazes de análises e sínteses de alguns campos do conhecimento; e quase mais nenhum homem ou mulher cultos. Aliás, a cultura de uma época, a nossa época, é quase inapreensível, quanto mais objeto de introjeção e reflexão crítica. O que nos é oferecido é, quase sempre, a ponta do iceberg da cultura da nossa época, uma espécie de “os mais lidos” ou “os mais vendidos” mas quase nunca “os mais bem pensados” ou “os que mais importam”.

Na falta de pessoas cultas, que encarnem o conhecimento de uma época, vamos perdendo as referências do que filtrar e do que reter da barafunda de informações que são despejadas sobre a nossa cabeça todos os dias, horas, minutos.

Agora pensem os efeitos disso na escola. Sem parâmetros sobre como contribuir para a formação, que é a ligação de alguém com a herança da tradição de sua época e das épocas que formaram a sua época, como proceder a educação, que é a contribuição para o manejo desses conhecimentos da nossa formação? E sem um base sólida( formação)  e sem um bom uso de ferramentas de leitura e interpretação do mundo ( educação) como intervir no mundo de maneira consequente e proveitosa?

A educação sem formação cultural é exercício de faz de conta.

Quando pensamos em alternativas para a nossa escola do século XIX, uma delas consiste em refazer o repertório cultural de nosso tempo, estabelecer algumas balizas e oferecer essa oportunidade de introduzir as novas gerações no mundo das artes, literatura, cinema, teatro e ciências, como condição para educa-las e possibilitar para essas crianças e jovens experiências mais ricas, profundas e consequentes do mundo no qual estão e estamos todos.

Seria querer demais uma escola que se preocupe com isso?

 

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