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Nesse blog, há algum tempo, comentei sobre a decisão da administração municipal em destinar um percentual maior do orçamento para a segurança e um orçamento menor para a educação. A secretária-irmã respondeu-me dizendo que parte desses valores era para contratar guardas municipais para atender às escolas e que esse era um dos maiores apelos dos professores, preocupados com a violência e as drogas nas escolas.

Daí vem Diogo Busse na Gazeta de 13 de novembro e diz, com todas as letras, que diante da reivindicação “unânime” dos educadores por mais policiamento, sua resposta, “de imediato”, foi não. Em tempo: Diogo Busse é diretor de política sobre drogas da Prefeitura de Curitiba, membro da mesma administração que entende que deve destinar um orçamento maior para a segurança e contratar mais guardas municipais para policiar as escolas.

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Não preciso dizer, com a devida vênia , que estou com o Busse e não abro. Quando a escola é uma droga, quando o entorno da escola é uma droga, quando a utopia que é a marca de qualquer formação transformadora inexiste, a droga e os traficantes entram fáceis  e ligeiros e corrompem legiões. Negócio melhor não existe para os não-lugares como as escolas sem proposta e sem envolvimento. Escola deve virar lugar, espaço sentimentalizado, como aquela poltrona da saleta que aguarda seu retorno com o livro na mão, como a mesa do restaurante frequentado há décadas, como a pista do parque tantas vezes pisadas, como o ponto de encontro dos amigos, amados, companheiros. Escola que não é um lugar assim, não consegue ensinar nada, nada que vire aprendizado e desejo de mudar. Escola que é uma droga é campo aberto para a droga que cria desertos.

Nesta cidade que prestigia tudo o que é bom e transparente e que adere às campanhas do bem, o poder público deve juntar forças para transformar a escola em ponto de encontro de cidadania , cultura , diversão e contaminar, partindo do lugar que é a escola, a rua do lado, a praça vizinha, os prédios próximos, os condomínios de muros altos, o posto de gasolina, o cartório, o açougue, a lanchonete, em uma corrente de proteção e estímulo onde o que há de bom em cada um desses lugares possa ser partilhado e a produção da escola possa encontrar nesses lugares, diapasão e incentivo. E tudo o que for bonito e meritório deve ser mostrado e quem fizer deve ser homenageado. Há tantos protagonistas que fazem jardins e a imprensa só mostra os disseminadores de ervas.

Curitiba tem se tornado um local de muitos eventos. Agora mesmo tivemos a Virada Cultural, alegre e colorida, e todos adoramos. Mas o evento acabou e ficamos como quem olha o palito do picolé . Façamos de cada salário de um guarda municipal contratado um premio literário, uma oficina de artesanato, uma mostra de poesia, uma aula de grafitagem , mudas de plantas, terrários de temperos, etc e etc até onde a imaginação utópica permitir, lembrando sempre que utopia não é o irrealizável, mas o irrealizado.  E viva o bosque Gomm!

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